Menina da Caatinga
Entre as ramas finas que se espargem
No calor causticante do chão quente
Nasce entre os rasgos da terra seca
Uma bela flor... Menina mulher agreste
Veio livre, alegre e faceira a nos orvalhar
Saltitante voa perfumando a natureza
Pura e crua como nos primeiros pingos
Que a chuva graciosa e abençoada rega
Para nos favorecer depois à santa colheita
Seu andar encanta, lépida e firme cavalga...
Com a silhueta de uma deusa nordestina
Sobre o cavalo cansado e sedento de afago
Mas eqüino feliz... Por senti-la com as rédeas
A fazê-lo dançar com a marcha firme e célere
Até o sol se inebria... Quer estender seus raios
Sob os cabelos negros esvoaçantes ao vento...
É tudo cenário e espetáculo de rara beleza
Como se ela fosse espécie do maná dos céus
Diva, musa, ninfeta agreste enviada por Deus
Farta inspiração para violeiros a cantar cordel
Bálsamo que veio a aliviar todas nossas feridas
Pujança da identidade nua, plena e selvagem
Não há animal que rasteja ou solitário homem...
Que não se renda ou se quede em homenagem
Fina autenticidade romântica da fêmea sertaneja
A nos aprisionar e render-se aos seus fascínios
Por ela que só esconde por dentro mel e doçuras
Que o poeta embevecido respeita, canta e verseja.
Hildebrando Menezes
Nota: Dedicado a prima sertaneja Thaiane Menezes