JORNALISTA MATUTO (moda de viola)
Nasci na Itu berço da república no interior paulista
das coisas que mais gosto a viola tá na lista
Não importa se é paulista goiana cuiabana angrense ou nordestina se o violeiro é especialista
Se tenho um adverso e inteligência não explica
recorro ao matuto que me habita
Aguço o meio bicho índio como sou negro a sabedoria ressuscita
Na cidade nunca provei a pinga com sucupira planto abóbora só para comer cambuquira
Meu sangue é sertanejo tirei a dúvida que havia
no dia em que pai me ensinou a dançar o catira
Moro onde o salto da cachoeira é quem canta
e o Tietê poluído ao ver o ipê florido se encanta
Perto de casa não tem ar puro cheiro de café nem siriema
só o tal progresso carros de policia e sirenas
Mas ainda há esperança voltaram às sacolas e as meninas usam trança
Caipira não fala errado o viver isolado lhe deu sapiência
quem não pesquisa não sabe
Preconceito sempre acredita a mentira ser verdade
Para as letras foi machado o que carreiro para a viola
Se juntar os dois a sabedoria dos intelectuais que criaram o jeca tatu
pede esmola
Canto musica erudita estudei sou jornalista
mas para fazer moda de viola não precisa ser artista
Um causo em volta do fogo à letra tá escrita e a viola até repica
Luiz XV tinha orquestra viola inda era menina de pais portugueses neta de mouros e bisneta de hebreu
Foi nos braços de um rústico que ela virou caboclinha
no solo paulista musa o cantador a elegeu
O folclorista Cornélio Pires gravou moda de viola primeiro
no coração do brasil nunca morrerá o modinheiro
Enquanto tiver uma viola chorando no peito de um cantador
o caipira especialista em tudo continuará nascendo doutor
(03/08/2011 para todos nós caipiras, e ao www.clubedosvioleiros desaltosp.blogspot.com)