William Butler Yeats - Foi o representante máximo do Renascimento irlandês e um dos escritores mais destacados do século XX."

William Butler Yeats nasceu em 13 de junho de 1865, em Dublin, Irlanda, onde se desenvolveu em um meio culto e criativo. Poeta e autor teatral, Prêmio Nobel (1923) de Literatura. Foi o representante máximo do Renascimento irlandês e um dos escritores mais destacados do século XX."

saber mais

a torre

The Wanderings of Oissin and others Poems, 1889

The Countess Kathleen and Various Legends and Lytics, 1892

The Secret Rose, 1897

The Wind Among the Reeds, 1899

The Green Helmet aond others Poems, 1910

Responsibilities, 1914

A Vision, 1925

The Tower, 1928

The Winding Stair and others Poems, 1933

Words for Music Perhars , 1931

A Woman Young and Old

LEDA E O CISNE

Súbito golpe: as grandes asas a bater

Sobre a virgem que oscila, a coxa acariciada

Por negros pés, a nuca, um bico a vem reter;

O peito inane sobre o peito, ei-la apresada.

Dedos incertos de terror, como empurrar

Das coxas bambas o emplumado resplendor?

Pode o corpo, sob esse impulso de brancor,

O coração estranho não sentir pulsar?

Um tremor nos quadris engendra incontinenti

A muralha destruída, o teto, a torre a arder

E Agamêmnon, o morto.

Capturada assim,

E pelo bruto sangue do ar sujeita, enfim

Ela assumiu-lhe a ciência junto com o poder,

Antes que a abandonasse o bico indiferente?

.

RUMO A BIZÂNCIO

I

Este país não é para velhos. Jovens

Abraçados, pássaros que nas árvores cantam

- essas gerações moribundas -

Cascatas de salmões, mares de cavalas,

Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão

Tudo quanto se engendra, nasce e morre.

Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam

Os monumentos de intemporal saber.

II

Um velho é coisa sem valor,

Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que

A alma aplauda e cante, e cante mais alto

Cada farrapo da sua mortal veste.

Nem há escola de canto somente o estudo

Dos monumentos de seu próprio esplendor;

Por isso cruzei os mares e cheguei

À sagrada cidade de Bizâncio.

III

Oh, sábios que estais no sagrado fogo de Deus

Qual dourado mosaico sobre um muro,

Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,

E sede os mestres do meu canto, da minha alma.

Devorai este meu coração; doente de desejo

E atado a um animal agonizante

Ele não sabe o que é; juntai-me

Ao artifício da eternidade.

IV

Da natureza liberto jamais de natural coisa

Retomarei minha forma, meu corpo,

Mas formas outras como as que o ourives grego

Em ouro forja e esmalta em ouro

Para que o sonolento Imperador não adormeça;

Ou em dourado ramo pousado, cantarei

Para damas e senhores de Bizâncio

Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá

.

QUANDO FORES VELHA

Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,

Dormitando junto à lareira, toma este livro,

Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar

Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;

Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,

Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,

Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,

E amou as mágoas do teu rosto que mudava;

Inclinada sobre o ferro incandescente,

Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou

E em largos passos galgou as montanhas

Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.

.

A CANÇÃO DO DELIRANTE AENGUS (1899)

Eu fui para uma floresta de nogueiras,

Porque minha mente estava inquieta,

Eu colhi e limpei algumas nozes,

E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo;

E, quando as claras mariposas estavam voando,

Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas,

Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho

E capturei uma pequena truta prateada.

Quando eu a coloquei no chão

E fui soprar para reativar as chamas,

Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir,

E, alguém me chamou pelo meu nome:

Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente

Com flores de maçãs nos cabelos

Ela me chamou pelo meu nome e correu

E desapareceu no ar, como um brilho mais forte.

Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos

Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,

Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,

E beijar seus lábios e segurar suas mãos;

Caminharemos entre coloridas folhagens,

E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo

As prateadas maçãs da lua,

As douradas maçãs do sol.

.

A ROSA DO MUNDO

Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?

Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho,

Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar,

Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre,

E morreram os filhos de Usna.

Nós passamos e passa o trabalho do mundo:

Entre humanas almas que se agitam e quebram

Como as pálidas águas e seu fluxo invernal,

Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu,

Vive este solitário rosto.

Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada:

Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração,

Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono;

Ele fez do mundo um caminho de erva

Para os seus errantes pés.

.

VERSOS ESCRITOS EM DESALENTO

Quando é que eu vi pela última vez

Os olhos verdes redondos e os corpos longos vacilantes

Dos leopardos escuros da lua?

Todas as bruxas selvagens, aquelas senhoras muito nobres,

Por todas as suas vassouras e as suas lágrimas,

Suas lágrimas de raiva, fugiram.

Os santos centauros das colinas desapareceram;

Não tenho nada para além do amargado sol;

Banida mãe lua heróica e desaparecida,

E agora que cheguei aos cinquenta anos

Tenho que aguentar o tímido sol.

.

COM O TEMPO A SABEDORIA

Embora muitas sejam as folhas, a raiz é só uma;

Ao longo dos enganadores dias da mocidade,

Oscilaram ao sol minhas folhas, minhas flores;

Agora posso murchar no coração da verdade.

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UMA CAPA

Uma capa fiz do meu canto

Debaixo a cima

Bordada

De antigas mitologias;

Mas tomaram-na os tolos

Para exibi-la ao mundo

Como se por eles fora lavrada.

Deixa, canto, que a tomem

Pois maior feito existe

Em andar nú.

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OS CINES SELVAGENS DE COOLE

Em sua outonal beleza estão as árvores,

Secas as veredas do bosque;

No crepúsculo de Outubro as águas

Reflectem um céu tranquilo;

Nessas transbordantes águas sobre as pedras

Banham-se cinquenta e nove cisnes.

Dezenove outonos se passaram desde que

Os contei pela primeira vez;

E, enquanto o fazia, vi

Que de repente todos se erguiam

E em largos círculos quebrados revolteavam

As clamorosas asas.

Contemplei esses seres resplandecentes,

E agora há uma ferida no meu coração.

Tudo mudou desde o dia em que ouvindo ao crepúsculo,

Pela primeira vez nesta costa,

A alta música dessas asas sobre a minha cabeça,

Com mais ligeiro passo caminhei.

Infatigáveis, amante com amante,

Movem-se nas frias

E fraternas correntes ou elevam-se nos ares;

Os seus corações não envelheceram;

Paixão ou conquista solicitam ainda

Seu incerto viajar.

Mas vagueiam agora pelas quietas águas,

Misteriosos, belos;

Entre que juncos edificarão sua morada,

Junto a que lago, junto a que charco,

Deliciarão o olhar do homem quando um dia eu despertar

E descobrir que voando se foram?

.

MORTE

Nem temor nem esperança assistem

Ao animal agonizante;

O homem que seu fim aguarda

Tudo teme e espera;

Muitas vezes morreu,

Muitas vezes de novo se ergueu.

Um grande homem em sua altivez

Ao enfrentar assassinos

Com desdém julga

A falta de alento;

Ele conhece a morte até ao fundo —

O homem criou a morte.

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TUDO PODE TENTAR-ME

Tudo pode tentar-me a que me afaste deste ofício do verso:

Outrora foi o rosto de uma mulher, ou pior —

As aparentes exigências do meu país regido por tolos;

Agora nada melhor vem à minha mão

Do que este trabalho habitual. Quando jovem,

Não daria um centavo por uma canção

Que o poeta não cantasse de tal maneira

Que parecesse ter uma espada nos seus aposentos;

Mas hoje seria, cumprido fosse o meu desejo,

Mais frio e mudo e surdo que um peixe.

A ESPORA

Parece-te horrível que luxúria e ira

Cortejem a minha velhice;

Quando jovem não me flagelavam assim;

Que mais tenho eu que me esporeie até cantar?

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marcosolavo
Enviado por marcosolavo em 27/11/2011
Código do texto: T3359754
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