Feliz serás e sábio terás sido se a morte, quando vier, não te puder tirar senão a vida.
Francisco Quevedo
Comum é o dia começar como todos, a gente levantar,comer,sentar ,escrever.Tudo parece estar no seu lugar.Até que você abre o jornal.
Lê duas linhas perdidas num espaço grande, pára,não acredita,relê,pára novamente,absorve as palavras e chega a uma conclusão:mais um amigo que se foi.Pois é,assim aconteceu comigo no meio de uma ensolarada manhã,quando pequenas letras impressas em negrito,anunciaram a morte de Eury.
Não acreditei. Uma notinha de rodapé num matutino... Só isso? Assim acaba a vida de um poeta?
Uma notinha de rodapé!
Conheci o Eurípedes há um tempo relativamente curto, aqui no Recanto onde comecei minha militância literária, quando eu ainda nem sabia que teria uma carreira literária.
Aqui conheci outro amigo que, soube pela Merô,também nos deixou,o Fernando Brandi.Um mineiro,outro quase,saíram assim,de fininho,á francesa,para não aperrear os amigos,talvez.
Lembrei-me que um dos primeiros elogios e palavras de estímulo que recebi aqui no RL partiram do Fernando.Desde 2008 trocávamos e-mails.
No Eury, percebi o desejo imenso de escrever,publicar seu livro que me pediu para prefaciar o que fiz com muita alegria.
-O PC me dá muitas alegrias,me disse ele,uma vez,ao telefone.E,completou:-Sinto-me realizado.
Virou poeta, publicado e diplomado.
Como os poetas são imortais, ficam encantados,cada vez que seu livro for aberto e seus poemas recitados ,vivo ele estará.
Muitas vezes a gente sai de fininho da vida para entrar no coração de centenas de leitores.
Temos a arte para não morrer de verdade ,dizia Nietzsche.
Imagino que os dois tenham se encontrado ,movidos pelo mesmo ideal.
Ambos daqui há um tempinho estarão sentados nos seus computadores, cujas canções postadas serão cantadas pelos anjos.
Para os amigos só ficou a saudade.E a certeza de que não viveram em vão.