Café
Olhos vidrados, cabeça doendo, coração em disparada...não são sintomas drogalíticos excessivos, mas sim o sombrio líquido em falta.
Aquele que faz as cabeças de recrutas a caudilhos, impondo seu poderio ofensivo, acabando com a paz e saindo dos trilhos.
Torra grão Pérsico, agora não...sério?, pois a demora insana de algumas horas me faz enlouquecer...quero beber.
Estimulante...acho que não, pois tomo copos e corpo fica são...como podes então ter fama de vilão?
Injusto, hooo grão torrado, moído e filtrado. Tu que relaxas este ente calcinado, esfalfado e estressado. Estimulante...não...nãoooo és vilão.
Glorifico Kaldi e suas cabras que comeram do cafeeiro. A vivacidade adquirida os deixou prisioneiros. Assim como todos egípcios, árabes e turcos. Todos cativos em seus muros.
Esperta foi Constantinopla, que levou o ditado a sério, se não pode vencê-lo, junte-se a ele...ou prive-se do mais deleitoso mistério.
Em 80, segunda commodity atrás do petróleo, hoje combustível para mente e do coração és o óleo.
Lubrifica minhas entranhas, amacia meus músculos, harmoniza minhas sinapses...lassia-me tudo. E sobre meu braço lasso minha íris esmorece, pois tomo-te e nada ilumina-se, ao contrário...escurece.
Vens da Etiópia, direto para mim, com paradas mil até difundir-se...enfim.
Seria injusto um “vilão” ser enaltecido deste jeito, se mal fizestes já terias tido um leito.
Eu não me importo, sou teu prisioneiro. Nesta cela morrerei, passando de janeiro a janeiro.
Sejas diluído ou concentrado, candente ou álgido, não importa desde que estejas ao meu lado.
Coffea arabica abundante, já que nunca és o bastante. Tanto faz por fora ser branco, negro, amarelo ou mestiço, sendo por dentro da cor bruna deste delicioso líquido.
O fluído em questão, nunca será vilão. Ao menos, para mim, o café é o que me faz feliz e me deixa são.