EU, TU, NÓS E O UNIVERSO – uma homenagem ao dia da Consciência Negra – 20 de novembro

Neste momento comecei a refletir um pouco sobre este mundo em que vivemos, um mundo cheio de desigualdades em todos os sentidos. Falo da desigualdade social, que por meio dela vem todas as desigualdades possíveis, no sentido emocional, financeiro, racial e até mesmo espiritual.

Se pudéssemos nos reportar ao passado, veríamos que estes tipos de desigualdades sempre existiram de uma forma ou de outra, comprovado que mesmo os indígenas viviam em guerra e conforme as características das tribos, muitas escravizavam umas as outras, como temos exemplos das tribos africanas.

Porque estes tipos de pessoas existiam e existem até hoje? Poderia responder simplesmente que uma se sente superior a outra, em poder, armas, e tantas coisas iria junto, principalmente o egoísmo que é o pai de todas as maldades existente.

Porem isto não fica somente entre os que chamamos de nômades, mas também entre os povos que se diziam cultos e civilizados que saiam matando os outros povos que encontravam pela frente no sentido de dominá-los visando às riquezas que os mesmos possuíam ou que prometessem futuro. Ao exemplo dos ditadores que persistem até hoje.

Vamos viajar lembrando-nos dos nossos ancestrais, quer sejam portugueses, espanhóis, franceses, africanos, índios, e outras raças. Lembrar o quanto sofreram os índios que habitavam em nossas terras, tivemos tribos exterminadas, tudo pela prepotência e usura dos nossos ancestrais.

A escravidão dos negros isto não seria cabível em nossa historia se estes povos fossem realmente civilizados ou religiosos, diziam-se católicos, dá náusea em lembrar estas coisas, que eu não senti isto na pele, imaginem eles que sofreram a rejeição, os estupros, as perversidades, e tantas coisas mais, além de serem retirados de suas terras para serem maltratados e vendidos como animais.

Foi doloroso, e até hoje ainda vemos estas pessoas sendo vitima dos preconceitos sociais e raciais. Muitos deles criados com os sentimentos interiorizados nos corações dos pais, não sentem vontade de mudar sua situação, nem lutam para sair das condições de pobreza e misérias que vivem.

Eles os civilizados disseram que vieram com boas intenções de colonizar (sinônimo de exterminar) e explorar riquezas, os que aqui viviam e os escravos quando não conseguiram ter mais controle por causas de alguns revolucionários, resolveram dizer que estavam lhes dando liberdade jogando-os no mundo sem direitos, antes eram somente deveres e obediência.

Estes dois povos índios e negros ficaram e pode-se dizer até hoje entregue a sua própria sorte, até hoje dependem deles mesmos, e como vencer os traumas do passado que foram herdados de seus pais, avós e tataravós? Como tirar de dentro deles os resquícios da dor, que foi passado de pais para filho, quem procura entende-los? As portas da cadeia lhes são reservadas.

Devemos refletir este Brasil de ontem e hoje. Onde milhares de negros, índios e mestiços ainda sofrem de descriminação social e racial. Tive oportunidade de ir a certo estado do Brasil, e fomos convidados para ir a uma festa e entre nós haviam alguns índios, acreditem que quem dançou e brincou com os índios fomos apenas nós as baianas, porque as pessoas da própria terra não gostavam que eles se aproximassem, não chegavam perto, nem dava oportunidade deles se aproximarem, chegamos a ficar indignadas com tal situação em pleno século vinte.

Neste episodio podemos ver a situação de nossa sociedade atual.

A ação dos governos quer seja brasileiro ou estrangeiro são imensas, no entanto nenhuma destas ações consegue manter o equilíbrio entre seu povo. A pobreza ronda países pobres e ricos, uns mais que outros, a miséria está ali num pontinho bem escondidinho escondendo-se na fachada do poder.

Na verdade não existe um País no universo que não tenha em seus confins a mochila da pobreza, do racismo e da discriminação social.

Vemos hoje no Brasil um governo lutando para erradicar a pobreza e do outro lado temos a elite que luta para conservá-la, afinal de quem é o lucro? Este povo que luta e foram entregue a própria sorte ontem, hoje algumas pessoas em sua minoria tem conseguido se erguer aos poucos.

E os outros? A desigualdade social está ai, e a cada dia aumenta descontroladamente, a corrupção assola todos os governos que quanto mais tem dinheiro no bolso, mas se deixam enganar pela luxuria, pelos vícios, pela má conduta, enfim pela cobiça. Quanto mais tem, mais quer. Deixando-se levar pelo egoismo.

O que será que está faltando aos nossos políticos e ao nosso povo? Não sou cientista mais posso dá uma dica, EDUCAÇÃO MORAL, o que foi retirado das escolas, OSPB, EMC, EDUCAÇÃO PARA O LAR, SOCIOLOGIA, eram disciplinas que ajudavam aos pais e aos professores educar as crianças e jovens na ESCOLA, ajudava também ao nosso País. A Orientação Educacional e a Supervisão também serviam de peso na ajuda aos pais orientando tanto a estes como ao corpo docente e discente no relacionamento comunidade vezes escola. Era difícil naquela época os diretores e professores aceitarem estes profissionais, pois os que exerciam a profissão realmente mexiam com eles, os alunos eram prioridades, e tornava-se mais fácil lidar com ele. O orientador servia de intermediário nos conflitos da sala de aula, intervindo, redirecionando, propondo formas de melhor relacionamento entre os alunos e educadores e estes com o corpo administrativo.

Ser professor era e continua sendo uma profissão que depende de vocação e muito amor têm que gostar muito do que faz amar. Porem nem no Brasil, nem no universo está deixando que os verdadeiros profissionais da educação se mostrem, eles é recalcado, sem o direito de fazer o que têm vontade, usar sua criatividade, criar seu próprio programa, usar suas próprias ideias, são lhes dado livros ilustradinhos, com exercícios prontos e pouco salário.

Estava falando de discriminação, e elas estão também nas escolas, nos lares, no trabalho, nas ruas e nos setores comerciais, estão em todos os lugares. Quem mais sofre destas discriminações, os índios, os mulatos e os negros hoje em ultima estância. Emprega-se hoje com mais facilidade um negro, na verdade lutaram e lutam muito por isso, e os mestiços, filhos deste negro o que acontecem com eles? Na maioria estão fora do mercado de trabalho. Por quê? Dão-lhe a cor de pardos, não são brancos, nem negros, nem amarelos. Para conseguirem um emprego com a sua cor deverão ter os cabelos lisos ou levemente cacheados, ai sim é vistos como brancos mesmo sendo de origem negra, onde a cor neste caso, passa a ser morena.

Será que agora deverão os índios e pardos como chamam ir para as ruas, com a bandeira tricolor, vermelha (índios), negro (africanos) e branco (dos europeus) implorando para acabar a discriminação que pesa sobre eles? Vou contar um caso, aconteceu comigo.

Minha cor é parda, e trabalhava na Prefeitura, na SMEC, graças a Deus não tive muito que queixar, pois o trabalho dentro do meu limite foi valorizado, não percebi esta historia de descriminação, a não ser quando atuava numa determinada escola, onde o diretor e alguém da supervisão agiam comigo e outras que eram negras de maneira estranha, elas eram claras, porem me enfiava na sala dava o meu recado e voltava para casa, sem nunca me dá conta que eu e algumas colegas estaríamos sendo discriminada, a colega que era mais escura era que pensava neste sentido em relação a ela.

Se não era a coordenadora administrativa procurando problemas fúteis, era a diretora cortando o meu dia uma única vez que havia chegado alguns minutos atrasada porque sofrera um acidente no caminho da escola. O ônibus havia dado um freio, bati com a boca no banco da frente, e cheguei à escola com os lábios inchados e ainda um pouco sangrando.

Estava grávida no oitavo mês de gravidez, falei para ela que não poderia ficar porque iria ao medico, pois não estava me sentindo bem, a dita cuja, cortou meu ponto com ignorância reclamando exigindo para que eu ficasse, peguei a bolsa, pois estava piorando o que estava sentindo e ao sair disse para ela que ela ia engravidar, e saber o que era gravidez. Ela respondeu-me que era casada há mais de dez anos e que nunca ia engravidar, que por isso ela nem estava ai.

Pelo estado que ficara por causa do acidente fui obrigada afastar-me de licença medica, quando voltei seis meses depois, para entregar minha transferência, ela estava grávida, e o pessoal falando que dentro de uma semana faltava dois a três dias com desculpa da gravidez, no entanto a minha gravidez fora sadia e estava pedindo apenas para ela me dispensar aquela tarde. O pessoal achou que era discriminação, e eu pensava apenas que ela queria apenas mostrar autoridade.

Outro caso foi quando fui visitar minha irmã que morava em certo edifício na Pituba, estava bem vestida, trabalhava na coordenação da SEC., trazia nas mãos o material que estava fazendo reunião com professores e diretores de escola, pedi para o porteiro avisá-la que eu estava subindo, quando me dirigia para o elevador da entrada do edifício, o porteiro me chamou que era para eu subir pelo elevador de serviço.

Ao chegar minha irmã e meu cunhado me perguntaram qual a razão que vim pelo elevador de serviço. Falei para eles. Chamaram o porteiro para saber a causa, claro eles ficaram com a porta da frente aberta me esperando. O homem que era negro simplesmente disse: é que os empregados devem usar o elevador de serviço. A pergunta, porque você achou que ela era empregada? Resposta, por causa da cor. Meu cunhado explicou para ele quem eu era e que ele estava colocando o edifício em situação difícil, uma vez que ele fora informado que os empregados quando chegavam poderiam usar livremente o elevador e que o de serviço era para compras.

Quando escrevi este título EU, VOCÊ, NÓS, E O UNIVERSO, quisemos homenagear nossos ancestrais e de alguma forma tentar reivindicar mais atenção a todas as cores que pinta este Brasil imenso. Não só o verde das matas, o amarelo do ouro, o azul do céu, mais todos nós que habitamos esta Pátria linda composta de pessoas de todas as cores sem descriminá-las, uma vez que toda ela junta compõem um cenário muito lindo. Apesar de saber que somos descendentes da África e da Europa, isto não quer dizer que devemos negar a nossa nacionalidade, respeitar as nossas origens seja ela qual for é muito bom preservar a cultura de nossos ancestrais faz um grande bem, não importa que seja índio, português, espanhol, etc. porem é importante lembrarmos que antes de tudo somos BRASILEIROS, e devemos ser tratados como BRASILEIROS.