SER NEGRA - Homenagem ao Dia da Consciência Negra
Negra é a mulher que tem sido minha irmã, que nos ajuda, há muito, a mim e a minha mãe, a segurar as barras do cotidiano insalubre.
Negra é a pele que me vai por dentro, herança dos meus ancestrais.
Negro é o blues que me invade, com todas as suas línguas feitas de saudade e de desterro.
Negras são certas saudades: volúpia, sofrimento.
Negra é a linda canção que cantava a filha daquele que foi meu homem, canção que ela aprendeu de sua avó.
Negra é a negra noite, quando se sonham os sonhos mais profundos.
Negro de belezas é o silêncio dos amantes plenos um do outro.
Negra sou eu quando deixo que acordem em mim todas as áfricas.
Negra é a África, berço do mundo.
Felizes dos que se alegram, dos que se orgulham pelo negro, pela negra que todos carregamos por fora, por dentro; negritude que nos amplia, que nos ensina, que nos ultrapassa, que fere os nossos limites, para que possamos prosseguir.
Na primeira hora de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.