Tributo à Seu João Canuto e Dona Neca

Seu João, faleceu aos 95 anos de idade, Dona Neca (a Vó Neca) ainda nos delicia com seus chá da tarde aos domingos, e com sua presença ativa e marcante, aos 85 anos de idade, ainda cuida da casa, de 2 netos adolescentes, lava passa, cozinha,costura, borda, vende Avon e faz hidroginástica no SESI.

Tiveram 12 filhos: Romilda, Rute, Rosalina,Rosemary,Roseli, Rita, Rodolfo, Roberto,Ronaldo, Rudney,Ricardo,Renato, dos quais só a Rosemary já foi para o andar de cima.

Conversando com uma das filhas, a Roseli, pedi para ela que me contasse um pouquinho da sua infância, que lembrança ela tinha muito viva em sua memória. Ela me fez o relato dos natais

Quando fecho os olhos- ela me disse,- sinto o cheiro da maçã que meu pai comprava para comermos dia do Natal, não era uma maçã qualquer,não, ela era enorme, e vinha embrulhada em um papel roxo, o qual nós tirávamos com cuidado, e o guardávamos na gaveta, pois depois durante o ano, agente pegava e ficava cheirando relembrando o momento mágico.

Outra lembrança era de ver o pai enterrando a caixa com as garrafas de guaraná Mimosa no rio, para refrescá-las, pois não havia energia elétrica na sítio.

O sítio Tanquinho era de propriedade do avó Sr.Adolpho Morganti, onde hoje está localizado o bairro de São Raphael II, e de lá ela tem muitas histórias para contar.Mas voltando ao Natal, ela disse-me que os brinquedos eram para as meninas uma bonequinha de papelão, e para os meninos, um carrinho feito de carretel, os quais eles mesmos confeccionavam junto com o pai.

Na mesa do natal havia uma imensa variedade de comidas e frutas, ia do macarrão feito em casa, aves do próprio terreiro, abacate, abacaxi, jabuticaba, laranja, mexerica bodinho, milho, verduras fresquinhas, de sobremesa o prato especial era um manjar feito com leite fresco e coberto com um creme de vinho,e pão doce e sagu, os vizinhos iam visitar-se e trocavam os quitutes, não havia miséria,sempre sobrava.

Na época do arroz os filhos mais velhos iam juntos ajudar na colheita, os demais carregavam os feixes, despejavam na lona esticada pelo avô Adolpho que era quem “batia” o arroz, a recompensa pela ajuda das crianças era depois brincar na palha que era retirada do arroz, e isso os deixava imensamente felizes.

Até hoje é tradição a reunião todo domingo à tarde para o chá das cinco.

Os natais já não têm mais o cheiro da maçã, o sabor do manjar, mas há muita harmonia e amor neste lar. As pessoas são sempre bem vindas, acolhidas na verdade, pois é uma família hospitaleira, que consideram a todos como irmãos, sempre tem um lugarzinho à mesa do chá.

Dona Neca continua sua luta, têm muitos netos e bisnetos, na família Canuto as crianças não param de chegar, bom sinal que Deus está ali naquele lugar e que manda seus anjos na frente para de todos cuidar!