MORTINHA POR FALAR DE SÉRAPHINE LOUIS ...
Para mim uma tarde bem passada equivale a estar amarfanhada no sofá, rodeada de livros e gulodices, televisão ligada e saltitar de canal em canal, até que algum me desperte a atenção. Foi o caso e por mero acaso. Gosto de filmes coloridos, com ritmo e pessoas bonitas. Deparei-me com um filme monótono, humilde, miserável mesmo, e a banda sonora… nem me lembro se tinha banda sonora. Sinceramente, acho que o que me fez parar no canal foi a coincidência de apanhar um filme no inicio. Então lá estava uma senhora, gorda, de traseiro para o ar, a limpar o chão. O filme não passava disto e eu não mudava de canal. Muito a passo de caracol a história lá se foi desenrolando e eu já completamente rendida aos longos planos, tipo Manuel de Oliveira, fiquei a conhecer Séraphine de Senluis, pintora autodidacta, de quem nunca tinha ouvido falar e deixo um breve resumo da sua biografia.
Nascida em Arsy a 3 de Setembro de 1864. Filha de uma família humilde, cedo ficou órfã, foi criada pela irmã mais velha. Foi pastora até aos 17 anos, depois trabalhou como assistente num convento em Clermont (1881), e foi em 1901 que começou a trabalhar como criada de servir, em várias casas de Senluis.
Foi aos 42 anos de idade que começou a pintar. Dizia ouvir vozes que lho pediam. Comprava tinta branca e com uma técnica muito pessoal, formava cores a partir de plantas, barro, azeite que surripiava às velas das igrejas e, inclusive, do seu próprio sangue quando se magoava. Auto didacta, num estilo naif, muito semelhante a Van Gogh; viu o seu talento reconhecido, mas as vicissitudes da 1ª e 2ª guerra mundial, foram um obstáculo para a sua projecção.
Enlouqueceu, foi internada num manicómio, onde veio a falecer aos 78 anos de idade. A permanência no manicómio foi de sensivelmente um ano.
Foi enterrada numa vala comum. A guerra não perdoa …
http://www.youtube.com/watch?v=q2XPi26TT3s&...
Descansa em paz Séraphine de Senluis