Mãe, eterna saudade
Em 10 de abril de 1923, numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, nasceu Eliza Moraes, uma linda menina, a quarta de oito irmãos. Recebeu uma educação exemplar, não para as letras nem para os números, mas para as virtudes da caridade e do amor.
Aos 21 anos casou-se e veio morar na Paraíba e deste casamento nascia um ano depois sua primeira filha que deu o nome de Maria Salomé, um ano depois veio Maria Salete, após dois anos Maria Selma, seis anos depois Maria Celene, três anos depois Maria Solange, dois anos depois Maria Celeste e após quatro anos, depois de tantas tentativas de vir um filho homem, nascia o tão esperado menino, e como Deus sabia que não podia ser mais uma Maria lhe preparou uma surpresa: o menino nasceu na hora que estava acontecendo a procissão de São Cristóvão, no dia deste santo e com este nome o chamou.
Mulher guerreira, nunca trabalhou fora de casa, mas para ajudar no sustento dos sete filhos costurou para muita gente da cidade e fez muitos bolos para abastecer as lanchonetes da cidade. Seu maior prazer era fazer as roupas dos filhos para as festas do Natal, cambraia bordada e organdi era o que havia de mais chique para as meninas e cambraia de linho para o menino. Os belos vestidos rodados das meninas começavam a ser confeccionados no mês de outubro, chegado o Natal e as festas de fim de ano lá iam suas seis Marias e seu Cristovão vestidos com as roupas mais bonitas que se podiam apreciar.
Sua dedicação as coisas de Deus não tinham limites, era ela que organizava uma vez por mês a lavagem completa da igreja matriz da cidade, eu era a escolhida para subir nos altos altares e limpar as imagens. A casa paroquial e a chegada do padre à cidade uma vez por mês era por ela inspecionada, o bolo do padre chegava na casa antes dele. A igreja se tornou assim para nós seus filhos, não só a casa de Deus, mas a nossa própria casa, está lá era para nós não uma obrigação, mas um enorme prazer.
Os educação dos filhos eram de sua responsabilidade, os estudos eram cobrados com afinco, mas duas coisas eram obrigatórias, a missa aos domingos e a freqüência ao catecismo. A fé e o temor a Deus herdados de seus pais foram passados por ela aos filhos com muito esmero e exigência. Seu único filho homem, o mais novo da prole, não podia trilhar outro caminho a não ser o sacerdócio, ela o preparou para aquilo que ela mais acreditava e desejava SERVIR AO SENHOR!
Chegou aos 87 anos com sete filhos, dezoito netos e doze bisnetos sem que nenhum destes tenha dado a ela um grande desgosto. Somos e sempre seremos uma família abençoada como uma herança que se passa de geração à geração.
É essa a mulher cujo corpo estamos aqui velando, apenas um corpo, porque como aprendemos com ela mesma, a vida continua e neste momento, diante Daquele a quem deu tanto testemunho, realiza o sonho do encontro e da entrega total àquele que a criou. Imagino-a encontrando-se, também, com nosso pai José Juvino que partiu para lá em 1994. E nós estamos aqui, suas seis Marias e seu Cristóvão para darmos continuidade aos seus ensinamentos de caridade, fraternidade e amor, eternalizando-a.
Siga em paz mãe, seu papel foi muito bem cumprido. Se lhe magoamos sabemos que fomos perdoados e as mágoas que cada um de seus filhos teve estão também perdoadas. Segue em paz e até um dia quando cada um de nós chegarmos ai.
Como fazias aqui, intercede aí por nos junto a Jesus.
Até breve Mãe querida
Homenagem prestada por mim a ela em seu velório no dia 18 de janeiro de 2011.