"MANIFESTO A CARLOS DRUMMOND"
Custou-me muito ler Drummond em sua ausência.
Ele que ganhava seu pão nos massificando de filosofias,
Ora em prosa, ora extravasando-se em poesias,
Foi ao céu incontinenti e por justa clemência.
A juventude mundial lhe percebeu a fama
Que volta e meia ele recorre por sua espontaneidade.
Dada a sua excelência, a Academia Brasileira lhe conclama,
Por justa razão, por plenos direitos, à imortalidade.
Os brasileiros lhe choramos a morte inconsolados.
Foram todos ao enterro graças ao processo de comunicação,
E até eu, fiel leitor, embaraçado fiquei diante da televisão.
Um enorme vazio Carlos nos deixou, embora os poemas legados
Contentam-nos como a nos dizer que sua vida continua
Em cada sua obra, e em cada palavra que ela nos cultua.
(ARO. 1995)