Cilio Buse

Cilio Buse

21/10/1932

05/10/2011

- Esta é uma homenagem ao meu Pai...

Pai, as pessoas que amamos nunca morrem.

Lembrar de Ti será como respirar nas tardes de verão aquele vento nordeste no estaleirinho, lembras? Bater aquele papo amigo sobre o JEC e o gol sem angulo, ouvir as tuas caçadas tanto tempo atrás e as picadas mato adentro, e as pescarias então? Aquele peixe maior de todos que escapou tão perto da praia...rsrs.

Vai adiante Pai, liberta-se neste céu tão azul infinito, tão cheio de estrelas e agora com brilho mais intenso, respira daí o aroma daquele café gostoso que a mãe já deixava preparado para quando Tu levantavas as cinco da manhã de todo os dias.

De todos os nossos dias.

Um dia estaremos todos aí novamente em tua volta.

Hoje somos frutos amadurecendo

Ontem éramos flores desabrochando

Mas um dia fomos sementes geradas por Ti querido Pai e pela nossa querida Mãe.

Descansa em Paz

Trabalho já realizastes, amores já repartistes, conselhos já destes, com companheirismo nos guiastes nos caminhos que julgavas correto e correção aprendemos de Ti.

Por vezes olhamos o mundo de forma diferente mas uma forma nunca muda em nenhum de nós...O Amor que é luz para todos os dias e todas as noites.

Faça agora aquelas caminhadas com Deus ao nascer do sol (ainda de madrugada) e diga para ele que pássaros são estes que entoam tantos cantos à natureza e que vento é este no por do sol que indica que amanhã irá chover e a horta irrigará para belas verduras colhermos.

A tua partida na verdade nos tráz mais para dentro do nosso coração.

Às nossas perguntas teremos o silêncio como resposta.

Mas por dentro responderás mais e mais em alto tom ao nosso coração.

Em muitos momentos serás guarida de nossas emoções em eterna saudade.

A nossa mãe e tua companheira de tantas lutas e tantas vitórias envolveremos em amor para prosseguir a caminhada oferecendo a ela momentos de felicidade com a tua lembrança sempre presente em nossos corações.

Beijos Pai, Te amamos demais.

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O Texto abaixo escrevi algum tempo atrás num retorno à casa de meu Pai.

Uma Janela para o Sol

Um dia imaginei que eras uma rocha

Olhando pelas aberturas da janela ao por do sol Te via chegando, lá longe, em tua bicicleta. Trabalhavas da manhã à noite na entrega de faturas da Brasilauto e as suas cobranças. Chegaste a ter furúnculos pelo tempo que permanecias sobre o selim.

Nunca paraste para reclamar do trabalho, já sobre o forma de trabalhar uma vez ou outra.

Eu cresci acreditando que eras uma rocha.

Nas poucas palavras, a opinião soava como um veredicto final, nem sempre agradável aos meus ouvidos.

O tempo foi passando... Eu Te via chegando de moto, com a bolsa a tiracolo, óculos escuros, feito galã de cinema.

E queria falar contigo para decidir tantas coisas, mas Tu tinhas um pensamento definido e nem sempre te entendi.

O tempo passando...

E eu quase não te via porque fui me afastando de Ti.

Queria ser uma rocha como Tu.

Estudei, iniciei a carreira bancária e satisfeito, formalizei sozinho as minhas decisões, casei e me tornei Pai como Tu.

Então entendi como se formavam as rochas!

Passei a ver o mundo de outra forma, que nossos passos nem sempre são guiados por nossas decisões. Muitos fatos e situações são alheias à nossa vontade. Que algumas pegadas perduram, mas outras são apagadas pelo vento ou pelo tempo.

E Este passou...

Quando voltei para Ti, estavas mais grisalho, me falaram que fizeste cirurgia do coração, o tempo de trabalho passou, aposentaste a valise e os óculos escuros. Transformaste o pequeno rancho em uma “oficina “ onde surgem as grandes invenções, consertos e novos brinquedos. Brinquedos? Sim. Brinquedos para o teu novo e esperado neto, o Carlos Augusto.

Hoje nos vejo conversando, compartilhando emoções, os gols do JEC (?), Palmeiras e Fluminense. As grandes pescarias, as novas decisões, as plantações de uva e as rápidas transformações no mundo.

Então, me pergunto: Por que demoramos tanto para crescermos?

Uma homenagem ao meu Pai, Cílio Buse.

Robertson
Enviado por Robertson em 07/10/2011
Reeditado em 11/10/2011
Código do texto: T3263861