CAMPO DE CONCENTRAÇÃO
Chelmno...Treblinka... Pithiviers... e outros mais,
campos de extermínios
e milhões abatidos.
Homens e mulheres - adultos, jovens e crianças,
expulsos das suas propriedades, lares invadidos,
casas destruídas, riquezas desapropriadas e usurpadas.
O mundo resiste, toma conhecimento e reage.
Hitler e o nazismo são derrotados...
- Fim da II Guerra!
A Humanidade revoltada condena,
chora as vidas levadas ao sacrifício
e fica a lição, o exemplo.
Filosofias, Doutrinas, Políticas, Discursos,
Momentos diferentes, resultado semelhante.
Milhões estão ao extermínio, pacífico, mas extermínio!
Até quando?
Até quando contemplaremos indiferentes os campos?
Leis, direitos sociais, sem suporte econômico para bancar.
Economia estabilizada, massa falida, desemprego,
Juros altos, incentivo ao Mercado de Capitais,
preço do dinheiro ao produtor, sem competitividade,
falência do parque produtivo.
O rico mais rico em sua riqueza - de poder, de tesouros, ou... de miséria.
O campo é esvaziado, casebres e vilas rurais são terraplenados,
a Casa Grande enche-se de poeira,
o terror à perda do patrimônio constituído, ao longo de gerações,
gera fazendas fechadas e invasões.
Impõem-se o poder constituído e baixas acontecem de ambos os lados.
Terras são divididas e doadas,
falta cultura cooperativista, instrução de fraternidade e sobrevivência,
falta educação não de letras, sim, de cidadania.
Condena-se o paternalismo,
as reformas são lentas e caras.
Até quando?
Até quando veremos as cidades inchadas a clamar saúde, sanidade.
Homens e mulheres - adultos, jovens e crianças,
perambulam entorpecidos, de barrigas e vidas vazias
pelos campos metropolitanos ou à beira de estradas.
Crianças, pequeninas crianças fazem ponto nos sinais,
nos sinaleiros, faróis e cruzamentos, a suplicar.
Adolescentes vendem seus corpos e são condenados de prostituição
ou pela AIDS.
Adultos fazem casas de jornais ou papelão, debaixo de pontes, de viadutos,
em praças e se alimentam de restos e pinga.
Ao idoso lhe é imposto o trabalho até aos sessenta e cinco,
porém aos quarenta não lhe é permitido o trabalho.
Ao jovem ressenformado, pede-lhe anos de experiência.
O que está na produção, sujeita-se.
Cresce a qualificação profissional de desempregado e biscateiro.
Ao vitorioso, uma aposentadoria traumática pela queda do poder aquisitivo.
A todo cidadão lhe é assegurado o direito constitucional de vir e ir.
Para onde? para quando? para quanto? para o quê?
Campos de extermínios!
sem limites, sem cercas, sem arames farpados,
sem sentinelas, sem fornos, sem gás, sem responsáveis.
Morrem milhões, de fome, de inanição, de angústia.
Morrem milhões, digladiando-se por qualquer coisa ou motivo.
Morrem milhões, matando a si e a outros, com a visão tapada pela tensão.
Ensinaram-me que riqueza social, renda per capita alta e bem distribuída,
é resultado da operacionalização eficiente e eficaz do conhecimento,
dos recursos humanos, dos recursos naturais e do capital,
e que o capital aplicado fora da produção não gera bem-estar social.
Será que aprendi errado ou esta lei econômica está obsoleta?
Falta água, água, água... no sertão, no agreste, na roça, na agricultura...
Falta irrigação!
E agora do Velho Chico fala-se da sua destruição
ou melhor, da sua transposição!
Falta Capital na mão do verdadeiro produtor!
Falta semente, técnica atualizada e acompanhamento!
Falta plantar o homem no meio rural, no setor produtivo,
aduba-lo e cuidar para que este cresça !
A máquina produtiva está a parar em todos os setores da economia,
Falta CIDADANIA...
Milhões estão a desaparecer...
e espera-se pelo quê?
Acordem-me, acordem-me, estou vivendo um pesadelo!
- Tudo isto não existe,
ou existe?
Jatanael Moreira e Silva