Vovó, minha Rosa Interiorana
Ah, minha vovó querida, quanto devo e como desejo dizer! A senhora ainda vive, 88 respeitáveis anos, corpinho doído, movimentos lentos, sofrimento e lembranças muitas vezes repetidas aos "netinhos".
Ah, minha vovó amada, se não fosse a senhora eu não amaria os livros e escreveria meus textos no jornal. Logo a senhora, que sempre disse que só aprendeu a ler e escrever e fugiu da escola... Lembra das revistinhas e das palavras cruzadas da infância, dos livros de mitologia, tudo que a senhora trazia da Editora Vecchi, que nem mais existe? Pois é, deram fruto, querida!
Eh vovó, choro minha insensibilidade, de quem vê a senhora tão brevemente, mesmo trabalhando logo ao lado, "visita de médico", a senhora diria...
Eh vovó, a senhora me perdoa? Sabe, uma parte da culpa é minha tristeza por lembrar que há menos de seis anos a senhora ainda estava tão forte e "subia morros nas Alterosas". Não suporto ver tanta limitação em alguém com a alma tão livre e altaneira!
Sei, doce vovó, que a senhora me ama, eu que nem ao menos tenho seu sangue, mas herdei muito de seu espírito. E como é bom saber disso!
Sei vovó, que sou um neto muitas vezes ingrato, mas te homenageio agora com estas parcas e injustas linhas. Pobres para uma mulher tão nobre e magnífica como a senhora, minha Rosa Interiorana,
Aceita, vóvó linda, este incenso literário, e sempre que quiser, lembra das palmadas que eu deveria levar por minhas artes tão bobas!
TAMBÉM TE AMO, MINHA VOVÓ!!!