Meu amazonólogo favorito
Muito já foi pensado e falado sobre a Amazônia. Acredito que a maior contribuição veio de Djalma Batista (1916-1979).
Médico e amante das artes, principalmente da literatura. Devotado á saúde e a Amazônia, á saúde da Amazônia.
Colocou seu estetoscópio no coração da Hiléia e ouviu sua respiração ofegante, cansada de massacres e de desperdício.
O diagnóstico era simples: o desconhecimento gera desentendimentos, seja entre os homens, seja entre o homem e a natureza.
A primeira parte do tratamento não é tarefa fácil: conhecer. Conhecer o que Euclides da Cunha chamou de indefinido. Desvendar a selva e seus signos ajuda a entender a consequência de sua má utilização.
O segundo passo é apostar na utilização consciente dos recursos locais. A Amazônia, conclui Djalma, possui uma grande força que é ser um bioma tão rico e uma grande fraqueza por ser um bioma muito vulnerável. O imediatismo e o egoísmo do homem só tem realçado essa fraqueza.
A história da Amazônia tem sido a exploração desordenada. O homem só tira da selva, quase não cultiva ou preserva. É muita presunção e ingenuidade pensar que a floresta sobreviverá para sempre ou que os campos de gado, madereiras ou pólos industriais podem trazer mais benefícios que desvantagens.
O remédio, diz o bom doutor, é um processo racional de exploração. Algo que nos ajude sem destruir a floresta. É o "desenvolvimento auto-sustentado".
Na época, os anos de chumbo no Brasil e a guerra fria no mundo, poucos colocariam fé nesse seu remédio, hoje porém o que mais se fala é em desenvolvimento sustentável.
Grande Djalma: além de médico e intelectual também era um profeta, um profeta da sustentabilidade.