IN MEMORIAM (PAI)

Eu tinha um feitor, que a tudo me obrigava,

As mais duras tarefas e afazeres. Vigiava-me,

Reclamava e em tudo se metia em voz alta,

Palavrões, então, todos comigo usava.

Pegue isso! Leve isso! Não tinha jeito,

Ou eu fazia, ou dizia que era desleixo,

Apontava os erros, ou se estava feito,

Linha dura, cara fechada, olhar feio.

Hoje, com meu filho, quando reclamo,

Sei que tudo aquilo do feitor insano,

Não passava de proteção e de planos,

Pois ele dizia, em silêncio, eu te amo.

Escondia de mim, do mundo, as verdades,

Protegia-se dos abraços, mas em realidade,

Tinha medo do meu fraquejar da idade,

E que, hoje, de tal feitor, só tenho saudade.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 12/08/2011
Reeditado em 12/08/2011
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