Fernando Pessoa um bom gourmet! Parte 1
"O paladar apurado do "Poeta" pelas palavras é conhecido por todos. Fernando Pessoa leva o seu gosto pela gastronomia nos seus escritos. Josiane Souza, minha professora e orientadora nos bons tempos de aluna contou sobre esta paixão deste português de linguagem universal, ele faz a ligação entre sobrevivência do homem "o comer"; junto as palavras e ao alimento. Saborear a comida na literatura é complementar o manjar dos deuses na vida do leitor!"
Ana Marly de Oliveira Jacobino
"Descasquei o camarão // tirei-lhe a cabeça toda // Quando o amor não tem razão// É que o amor incomoda". Fernando Pessoa
O restaurante "Leão D'Ouro", servia o ensopado de camarão que Fernando apreciava. O local foi encontro dos artistas plásticos, funcionários que trabalham no Teatro Nacional e outras pessoas O restaurante agora funciona do lado do antigo.
Receita do ENSOPADO DE CAMARÃO
500g de camarão pequeno, 300g de pão de trigo, 4 colheres de sopa de leite, 750g de tomates, 2 cebolas grandes, 3 colheres de sopa de vinho branco seco, 2 colheres de sopa de suco de limão, 5 colheres de sopa de azeite, 1 fatia de queijo sal e pimenta a gosto.
Modo de Fazer: Refogue no azeite cebolas em rodelas e tomates cortados em cubos. Junte o camarão descascado. Deixe ferver por 10 minutos. Corte o pão em fatias finas. Junte leite, sal, pimenta e gotas de limão. Em panela grande coloque azeite. Faça camadas alternadas de pão e do refogado de camarão. Em cima da última camada de pão coloque o vinho, o restante do leite (o mesmo onde o pão ficou marinando), o queijo, Tampe a panela e deixar ferver. Sirva bem quente.
No Largo de São Carlos, n.º 4-4.º Esquina está localizada a casa onde nasceu Fernando António Nogueira Pessoa, a 13 de Junho de 1888. O edifício agora pertence à Caixa Geral de Depósitos, foi classificado pelo Instituto de Gestão do Património, recuperado e alugado. O pai, Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do Diário de Notícias. A mãe, D Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, era natural dos Açores (mais propriamente, da Ilha Terceira).
Em Lisboa às cinco horas da manhã de 24 de Julho de 1893, o pai morreu, com 43 anos, vítima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diário de Notícias do dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano. A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período que surgiu o primeiro heterónimo de Fernando Pessoa, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos.
Ele jantava sempre às sete da noite. Ele apreciava uma boa sopa entre todas o caldo verde , prato que recebe o nome por conta da couve cortada bem fininha misturada à sopa tinha o seu aval.
Caldo Verde
500gr de batatas, 1 paio, 2 dentes de alho, 4 colheres de sopa de azeite, sal, 200gr de couve.
Modo de Fazer: cozinhe as batatas em 2 litros de água com o paio cortado em rodelas e sal a gosto. Com as batatas cozidas, esprema e misture com o caldo. Coloque a couve, a metade do azeite e deixe no fogo até que a couve esteja cozida. Na hora de servir acrescente o restante do azeite.
V. Raízes de Fernando Pessoa em Terras de Santa Maria, Maria Lucília Camacho Lopes Vianna Lencart, Águeda : Soberania do Povo, 1990, 191 pp.)
Francisco Fonseca Ferreira, A Penumbra do Génio, Livros Horizonte, Lisboa, 2002
Charles McGrath. "In Arizona back country, a gourmet life", International Herald Tribune, 26 de janeiro de 2007.
A Lisboa de Fernando Pessoa – Uma Fotobiografia / Marina Tavares Dias, Assírio & Alvim, Lisboa, 1998; Fernando Pessoa / Maria José de Lancastre, Quetzal Editores, Lisboa, 1996.