JOÃO GOMES DE AGUIAR - CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
Filho de Manoel Gomes de Novaes e Afra Amélia Aguiar, nascido em 14 de maio de 1908, na Fazenda João Vieira, Povoado Poço dos Bois, município de Cedro de São João, antigo Darcilena.
Segundo contavam meus pais, ainda jovem João Gomes foi trabalhar em São Paulo e, morando em Santos, chegou a jogar no Santos futebol Clube, time em que, tempos depois, Pelé viria a jogar.
João Gomes de Aguiar era uma pessoa muito querida não só por seus familiares, mas por todos que o conheciam.
Seu único irmão, Manoel Gomes de Aguiar, meu pai, tinha um grande amor por ele. Não suportava vê-lo sofrer. Chegava a deixar todos os seus afazeres para ficar dias e dias sempre ao lado do irmão, nas vezes em que ele precisou se hospitalizar.
Tio João, pessoa calma, muito educada, elegante no trato com as pessoas, sempre dignificou o nome de sua família. Tinha um comportamento exemplar, não somente, como cidadão, mais ainda como filho, irmão, cunhado, esposo, pai de família, parente e amigo. Nunca ouvi notícia ou insinuação de um mau comportamento de meu tio nem de seu irmão, meu pai. Sinto orgulho deles!
João Gomes de Aguiar destacou-se como grande político, tendo inclusive vencido as eleições para prefeito do município de Cedro de São João, quando ainda morava em sua fazenda João Vieira, no pequeno povoado de Poço dos Bois, sua base eleitoral. Foi eleito, portanto, morando distante da sede do município onde se concentrava quase totalidade da população.
Uma vez prefeito, passou a residir em Cedro de São João e conquistou cada vez mais amigos e eleitores. Nunca esqueceu, entretanto, dos antigos amigos e eleitores dos pequenos povoados.
Foi um político sempre atento às necessidades da comunidade. Na época em que ele foi prefeito, eu ainda era criança ou muito jovem, mas recordo os comentários a respeito de sua administração.
Dentre outros benefícios, colocou água encanada em alguns povoados numa época em que era um privilégio ou um luxo se ter água encanada em casa.
Segundo minha mãe, Maria Anita do Nascimento Aguiar, em seu livro de memórias, “o casal Manoel Gomes de Novais e Afra Amélia Aguiar foi muito feliz porque colocou na terra dois homens honrados, trabalhadores, dois grandes homens”
Sempre guardei nas minhas lembranças o quanto tio João era bom com tia Lurdes. Tudo fazia para vê-la feliz. Nos tempos em que nem se tinha por hábito, naquela região, se fazer passeios, já sabíamos que meu tio João já levara tia Lurdes para conhecer a Cachoeira de Paulo Afonso, que era o que de mais belo se tinha notícias.
Outros importantes passeios ele promoveu com ela, além dos habituais passeios a cavalo, ao São Francisco, onde nasceu tia Lurdes, ao Brejinho, casa de seu irmão Maneca e, finalmente, aos demais locais da redondeza, onde ía com toda a família simplesmente a passeio ou para participar das festas da região.
Em sua casa, no João Vieira, quando nós também chegávamos, todos a cavalo ou de carro de bois, era uma verdadeira festa!
Pai dedicado, muito se esforçou ao lado de sua esposa Lurdes Bizerra e conseguiu educar todos os seus filhos nos melhores colégios.
Como estudamos eu e minha irmã Anita na mesma época e no mesmo colégio em que suas filhas Cleide, Carmelita e Inez estudaram, sempre era tio João quem nos levava junto com as meninas, pois papai não dirigia carros. Era ele que, no início do ano e nos finais de férias e feriados, nos conduzia amorosamente em seu carro e que, junto com tia Lurdes, procurava me consolar quando eu deixava a minha casa e meus pais no Brejinho, entrava na rural Willis e me desmanchava em lágrimas de saudades. Não esqueço nunca dessas nossas viagens e desse carinho que sempre recebi.
Tio João era muito paciente, calmo e muito amado por todos, em especial por sua querida Lurdes que, além de amá-lo muito, reconhecia o seu grande valor.
Quando ele já havia se transportado desta dimensão, ela já morando em Aracaju, na Rua Benjamin Fontes, onde por coincidência eu também morava com meu esposo e meus quatro filhos, ela costumava sempre dizer: “Eu fui uma pessoa muito feliz na minha vida, no meu casamento. Meu marido sempre foi bom demais comigo. Somente eu sei a saudade que sinto e a falta que ele me faz”. Por uns instantes, desaparecia o largo sorriso que sempre emoldurava o seu rosto e seus belos olhos verdes se enchiam de lágrimas.
Assim, o querido tio João deixou uma bela família que vem seguindo os seus exemplos. Homens e mulheres íntegros, cidadãos respeitados. Cada qual cumprindo com os seus deveres, trabalhando e, por sua vez, educando seus filhos nos princípios morais em que foram criados.
Deixou JOÃO GOMES DE AGUIAR para seus filhos e para todos nós seus sobrinhos e parentes um exemplo de trabalho, dignidade, honradez. Sentimos orgulho de ser um membro de sua família.
Aracaju, 14 de abril de 2008