JOSÉ DE ARIMATHÉA QUE SE IRMANOU COM A. TITO FILHO
JOSÉ DE ARIMATHÉA QUE SE IRMANOU COM A. TITO FILHO
- Francisca Miriam -
Em data de vinte e sete de outubro de 1924 surge um novo Astro e ganha proporções valiosas, sendo impossível ficar no anonimato. E tantas foram as revelações que o Céu e a Terra, os dois juntos, realidades básicas do nosso viver, nunca cansaram de admirar a belíssima obra. Na assistência contínua do Alto e abaixo dos Céus, proteção, também, da Terra, o Astro sobreviveu para mostrar ao Mundo as suas capacidades natas. O orgulho não lhe fazia festa. Em tudo analisava a bondade de Deus. Sentia-se instrumento de obediência ao Invulnerável Arquiteto do Mundo e passava suas mensagens de inspiração divina à humanidade. O Grande Astro possuidor de luz e outros recursos, todos próprios, não se cansou de expandir seus dotes no sentimento de comunhão com os demais seres terrenos. Eis:
José de Arimathéa, mais um José de Arimathéa, enviado, escolhido, predestinado, privilegiado, abnegado Filho de Deus. Deixou sua marca registrada e sua patente presenteada a todos que possuem o dom do discernimento – entre o bem e o mal – e José de Arimathéa é bem que todo bem precisa. Não pode o mal gostar do bem. Mas José de Arimathéa transforma o mal em bem. Os seus fluidos espirituais atravessam a barreira do tempo e infiltram-se naqueles que comungam com o seu ideal “por uma sociedade mais justa e menos infeliz”. Voz que se calou às calamidades rotineiras e contrárias ao plano de Deus. Porém, o seu ideal não será calado porque mora dentro de brasileiros conscientes e progressistas. A espiritualidade não se acaba. Ela permanece porque foi o próprio Cristo quem assim determinou. Foi-se a sua matéria, José de Arimathéa, ficaram-nos os seus fluidos que nos impulsionam. Evidentemente que a sua forma física, as suas palavras, os seus gestos, o seu testemunho benéfico, nos fazem falta, ainda estamos presos à matéria. No entanto, se não nos houvesse a fórmula mágica e verdadeira de sua essência maravilhosa, ficaríamos mais frágeis ainda.
José de Arimathéa, além de serem nomes bonitos, tornam-se mais bonitos ainda porque denotam santidade expressiva e corretiva da vaidade e do orgulho, porque José de Arimathéa é a expressão máxima da simplicidade e humildade.
Mais um José de Arimathéa nasceu para ser bom; para plantar continuamente, no combate à ignorância, à mediocridade, à hipocrisia, à arrogância, à injustiça. Tantas as colheitas que muitas vidas floresceram. Jardins imensos, com variadas rosas de agradáveis aromas, se fizeram presentes no Céu e na Terra. A natureza progrediu. O entendimento se firmou entre as criaturas porque José de Arimathéa veio para plantar e plantou em terra fértil. E a Terra devolveu generosamente. É amor em correspondência absoluta, crescendo, multiplicando-se. E assim foi e assim continuará porque a sua plantação e os frutos correspondentes não perecerão. Os espíritos, as almas, as mentes humanas, a matéria, sempre se alimentarão dos seus ensinamentos, da sua inegável sabedoria, da sua característica humildade.
José de Arimathéa veio também para ficar. E presente está porque é força total. É luz! É fonte jorrante de efeitos benéficos e salutares, necessários à humanidade. Não há por conseguinte, lugar para as trevas se a luz é acesa. E José de Arimathéa foi luz e continuará sendo através dos tempos porque a sua luz não é deste mundo, embora seja abrangente para o mundo inteiro.
E assim, José de Arimathéa, que se tornou A. Tito Filho, ocupa, com certeza, lugar de destaque na morada celeste. Lança a sua luz permanente àqueles que entendem os seus ensinamentos. Deu-se o desprendimento – matéria e espírito – em 23 de junho de 1992, para não mais perecer. Nenhuma dor. Nenhuma falta de ar. Gozos eternos das primícias celestiais.
Mesmo em se sabendo da eternidade da alma é impossível ficarmos indiferentes quando da ida definitiva de seres queridos, com raríssimas exceções, nos casos de pessoas altamente espiritualizadas. A saudade é latente. É falta da pessoa querida. É querer tê-la junto de si. É saudade que dói. Ficamos privados da presença física e espiritual da pessoa que amamos. Até um dia, professor Arimathéa, em que nos encontraremos em cima. Espero merecer, pelo menos, visitá-lo, até que me torne digna de permanecer em lugar de destaque único.
Obviamente que é válido e crescente sermos bons e fiéis aos grandes ensinamentos cristãos, tornando-nos mestres da verdade que constrói.
Que surjam outros Josés de Arimathéa para povoarem esta Terra carente de homens justos. A verdade é que existem pessoas com valores inestimáveis no preenchimento de lacunas. Como no caso de José de Arimathéa, que preencheu, não apenas uma, mas várias, na sensibilidade da força de seus valores prodigiosos.
Prezado professor José de Arimathéa Tito Filho, a minha emotividade capta a sua presença. A nossa costumeira conversa é por demais energizante. Para configurar, mais ainda, a realidade dos fatos, fito o seu retrato e me abasteço com sua essência. Seu humor fino é capaz de transmitir saúde para os espíritos não corrompidos. É o combate aos maus comportamentos. É o respeito a si próprio e extensivo aos animais, racionais e irracionais, à Natureza inteira, ao firmamento e seu existencial completo. É o Astro que intensificou sua luz para dissipar trevas impiedosas e mortais. É a luz que ficará acesa indiscutivelmente. Seus olhos, na força da alma, que eterniza o espírito.
Quando saí do sertão para morar em Teresina ouvia falar numa inteligência privilegiada, a mais destacada de todas. Professor abnegado e profundo conhecedor da história do Piauí e da Língua Portuguesa. Piauiense de Barras. Terra de muitos filhos ilustres. E no decorrer dos meus anos, sempre ouvindo acerca desse intelectual destacado. Humorista. Escritor. Bacharel em Direito. Além de filho único de seus pais terrenos, tornou-se pai amoroso e esposo apaixonado. Casamento de adolescente.
Deus mandou-lhe um anjo-mulher e, numa segunda união matrimonial, dias bons lhe foram destinados. Abandonou vício que lhe afetou a saúde. Respiração difícil quando de suas crises. Felizmente o anjo incansável, enviado pelo Supremo, amenizou suas crises respiratórias. Tudo foi muito santo entre os dois esposos e três filhas lhes nasceram para completar a união, totalizando vinte e cinco anos de convivência. Enfim, um bom descanso para quem perdeu a mãe tão cedo e, do casamento prematuro, também um filho querido. Quantos sofrimentos para um homem que só queria ser feliz e espalhar a todos o seu contentamento, motivado por suas sementes de sabedoria, bondade, humildade, amor pleno, disponibilidade e bom senso.
Muitas coisas me sucederam. Dores e risos e mais dores. Consegui subsistir e publicar a primeira obra literária, em 1986. Decorridos alguns meses soube que o senhor de privilegiada inteligência era o Presidente da Academia Piauiense de Letras. Impulsionada por Cristo, fui ao ilustre senhor na Academia referida. Senti-me na própria casa. Sobre o meu livro, que já lhe mandara, disse-me o presidente da elevada casa cultural: “Alegra-me conhecer, pessoalmente, a autora de Caminhos”. Nenhuma inibição de minha parte, tamanha a humildade de tão significativa criatura de Deus.
Durante poucos anos contínuos gozei de sua amizade salutar, desde aquele dia em que, impulsionada por uma força superior, fui até ele.
Devo a realidade de um dos meus livros ao homem de comprovada boa vontade. Outros sentimentos impulsionantes me foram proporcionados pelo competente presidente da casa de letras piauiense. Porém, numa noite fria, num leito sombrio, de um hospital, após inúmeros sofrimentos por falta de ar, extingue-se uma vida inteiramente necessária à humanidade. Ficamos sem o inegável amigo: A. Tito Filho.
A matéria do ilustre homem voltou à terra e se tornará pó, conforme as Sagradas Escrituras. Por irrisório tempo ficou conosco, mas os seus frutos de sabedoria divina estão conosco e serão perpétuos, na sua inegável humildade. Dentre os seus indiscutíveis dons, figura marcante o da acentuada humildade, convidativa àqueles pequeninos, como no meu caso, que tanto aprendi com ele, por intermédio, também, de sua maravilhosa bondade e caridade.
Muitas páginas seriam preenchidas, de tantos privilégios, dotados da fonte jorrante do amor do Pai Celestial, ao filho muito querido que soube se fazer digno e merecedor desse amor inconfundível que permanecerá eternamente: José de Arimathéa Tito Filho.
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Do livro “Mensagens para A. Tito Filho”, Edição da autora, Teresina, 1997, páginas 24 a 29.
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