Aedo
na fala do ensejo,
na ânsia das letras,
por maior anelo
não pode enunciar...
dizer a emoção,
àquele que sabe,
podia vogar.
e prende a voz
tornando-se algoz,
em estertor atroz
de dizer
incoerente.
e colhe o terror
de águia melindra,
que sem arribar,
não fende mais asas,
não lumina lugar.
mas fala o ditame
em clamor de alentar:
- aedo tu és!
te ergue aguerrida.
busca com afã,
não estás
sozinha.
compõe a poesia,
conquista tua lume.
e sente a dor
que brota lungente
do ato provir
no átrio afanoso
do desabrochar
constante
da rima.
e nasce loquaz
a poesia,
o amor.
vibrante negaça,
estonteante esplendor!