CADA UM OCUPA O SEU LUGAR NO MUNDO E CADA UM É SEMPRE ETERNO EM NOSSOS CORAÇÕES

Lembro-me da imagem que sempre via ao passar pela estrada que liga Joatuba a Laranja da Terra. Lá na saída de Joatuba, em direção a sede do município estava sempre em sua cadeira Emilio Jaske. O semblante sereno de quem carrega no rosto as marcas da experiência ao mesmo tempo em que transmite segurança aos transeuntes. Na cadeira simples, de metal, no meio do quintal cercado de natureza, de seus gansos, de seus familiares, lá estava ele, com a passividade que o mundo moderno não nos permite ter mais, com a tranqüilidade que o excesso de afazeres rouba de nós todos os dias. Um sorriso contido de pessoa simples da roça, mas que tinha poder de desarmar os espíritos agressivos. Trazia consigo um ar vitorioso de quem já passou por muitos obstáculos na vida e sempre os venceu com determinação e coragem.

Seu corpo físico se foi. Deixou-nos para galgar lugares mais altos e usufruir da vida que não acaba nunca. Partiu de forma simples estando com a sua velha cadeira, companheira de tantos momentos, até seus últimos momentos, e a serenidade com que viveu tantos anos o acompanhou também no momento da partida, quando suavemente se despediu dessa dimensão entrando em definitivo para a dimensão do eterno, do infinito, do imorredouro.

E hoje a cadeira lá, vazia, no quintal, sem a presença de seu ocupante nos mostra que cada um tem seu lugar nessa vida e que todos somos eternos no coração daqueles que amamos. Está tudo lá, a cadeira, o casarão, os gansos. Tudo intocável, tudo da mesma forma como estava quando Emilio partiu desta vida.

Falta apenas aquela imagem, do homem dos cabelos que a vida, cheia das suas dificuldades branqueou, mas que não teve o poder de minar-lhe a alegria e a simplicidade. Basta fechar os olhos ao passar por aquele local que a sua imagem nos vem a cabeça novamente e assim será por muito tempo. A cadeira vazia, é a prova de que jamais será ocupada, e assim como ninguém mais pode ocupar aquela cadeira onde por anos pudemos ver o senhor Emilio, da mesma forma o lugar que ele ocupava no coração de quem o conhecia e o admirava jamais será ocupado.