A SAGA DE MEUS PAIS
Sou lá das bandas do Areado,
Onde meu pai se encantou com uma terra,
Comprou-a e foi desbravando a machado.
Meus pais, então, jovem casal, cheios de sonhos e coragem,
Foram morar numa casinha de sapé, ao pé da serra.
Ferramentas, mantimentos, uns petrechos mais – a bagagem.
Naquela época não havia estrada,
Faziam-se, no mato, picada com foice e enxada.
Naquele sertão, eram eles e Deus: e como tinham fé!
Se de algo precisassem, por léguas, sequer “uma viva alma.”
Contra os perigos, os riscos: o destemor.
Com otimismo, trabalhavam por um futuro promissor.
Em suas mentes: aquela terra boa, natureza bruta, um esplendor!
O sonho de uma grande família – a luz na senda, a trilha!
Passa-se o tempo, vão chegando os filhos,...
Muitas batalhas vencidas: cobras, onças, tempestades, doenças,...
Na roça, lavoura de arroz, feijão, milho,...
Uma fartura! No coração, só alegria, nos olhos, brilho!
Aos poucos, chegam os vizinhos, já não estavam sozinhos.
Cada sonho realizado, da dura luta, a recompensa.
Constroem uma bela casa, com madeira de primeira,
Um grande curral de pura aroeira,...
Abrem-se estradas,... para carro de boi!
Só muito depois, para automóveis!
Nas envernadas, de colonião e Jaraguá, cresce a boiada,
Tudo abundância: porco, galinha, cavalo,...
Bolos, doces, queijo, requeijão, rapadura,... o regalo.
No pomar, frutas deliciosas no tempo frio ou quente.
No jardim, flores multicolores e seus finos odores...
Com a graça de Deus, o paiol, a tulha – abarrotados,...
Pena que não sou escritor de romance para narrar esta saga,
Sou escritor de crônica e poema em hora vaga.
Para encurtar a história: nem tudo foram flores,
Ouve muito sofrimento e dores.
Mas, o sonho realizou-se: formaram uma grande família,
Transformaram o lugar numa bela fazenda: Fazenda Barra Mansa!
Legaram para a família seus exemplos de coragem e dignidade,...