CAROLINA RAMOS - Santos - SP
A Primeira Dama
da Trova Brasileira

Retrato: JB Xavier - UBT Seção São Paulo

Por JB Xavier
Embora já tenha encontrado Carolina em outros eventos, foi somente - e justamente - em Nova Friburgo que dela me aproximei para conhecê-la melhor e colher informações para este artigo-homenagem. Sendo assim, que direi sobre Carolina Ramos que já não seja do conhecimento dos trovadores do Brasil? Direi que ela talvez seja a pessoa que mais conviveu com as idéias de Luiz Otávio, e que portanto, é a que melhor compreende o que a Trova significava para ele, e vice-versa? Óbvio demais! Direi que Carolina o conheceu num encontro casual, na rodoviária do Rio de Janeiro, a caminho de Nova Friburgo, sem saber que aquele era um encontro que iria mudar suas vidas para sempre? Ou direi que ela, por conta de suas magníficas trovas acabou por se transformar numa referência na UBT? Seria muito pouco, mesmo com a enormidade que isso significa. Eu nada acrescentaria se apenas biografasse Carolina Ramos. Ela já tem seu lugar assegurado no panteão dos Grandes e sempre será maior que qualquer biografia. Prefiro falar da Carolina que vi em Nova Friburgo. Esta, sim, é - pelo menos para mim - a Carolina Ramos que ainda não encontrei nos livros.  
    Observando-a com cuidado, pude aos poucos perceber onde residia a verdadeira força daquela miúda mulher gigante. Ao vê-la tão desenvolta, observei que havia algo maior que a aura que a acompanha no universo trovadoresco, e observando-a para além do mito, buscando as sutilezas que definem um caráter, especialmente pelo não-verbal, pude constatar que eram seus silêncios que a revelavam verdadeiramente. Assim como as pausas definem a música, o caráter é construído por silêncios. E foi nos silêncios de Carolina, em seu olhar arguto e perspicaz, que vi faiscar o brilho dos deslumbrados sonhadores, como se aquela fosse sua estréia na Trova. Feliz daquele que ainda se deslumbra com o que faz, 50 anos depois da estréia!  
    Em nenhum momento a vi tagarelando sobre a monumental massa de informações sobre Literatura, Trova, História, Desenho, Pintura, Música e outros ramos do conhecimento nos quais é versada e possui sólidos conhecimentos. Isso deixou claro para mim que ela pertence à minoria que sabe a diferença entre cultura e informação - especialmente se esta for de almanaque, e pensei: Claro!- Quem sabe, não alardeia; quem alardeia não sabe.” E assim, convivendo e observando-a durante três dias, percebi que o universo de Carolina já transcendeu o “pensar”, e atingiu o plano do “sentir”, onde as palavras simplesmente são inúteis, já que, satisfeita consigo mesma, ela não precisa provar mais nada para ninguém. Eis porque seus silêncios são tão eloquentes! Algumas pessoas são como trovões, e com estardalhaço passam...e se vão, dando lugar às pessoas que são como a bonança que vem após cada tempestade e tudo inundam com paz e esperanças. Carolina pertence ao segundo grupo, àqueles cujo convívio com a arte é uma simbiose, onde já não é possível perceber onde começa uma e termina a outra.
    E assim, depurada por uma vida de sonhos e superações, mais jovial que nunca, ancorada na sapiência do fazer, errar, e aprender com os próprios erros, ela distribuía sorrisos condescendentes àqueles que ainda são ruidosos demais e portanto se encontram em estágios menos avançados de concepção holística.
    É um desses sorrisos, que fluía de sua serenidade, capturados na “Noite das Musas” em Nova Friburgo que ilustra esta homenagem.          
    Mais do que trovas belíssimas e tantas contribuições inestimáveis ao Movimento Trovadoresco do Brasil, Carolina Ramos nos doa a fórmula de uma vida plena: A decisão de não ser apenas mera observadora da História, mas uma de suas protagonistas!  

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JB Xavier é Trovador  e Editor do Informativo da seção São Paulo
UBT
Enviado por UBT em 28/06/2011
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