A última derrota de um vencedor.
Sobrepor barreiras, ultrapassar obstáculos, correr contra o tempo e cumprir meta estabelecida, nem sempre permitem ao participante o alcance da vitória, na maior e mais empolgante corrida de sua vida, isto é, a permanência neste plano terrestre.
Igualmente a milhares de pessoas que se apóiam naqueles familiares, cientes e conscientes dos problemas que o estavam levando à derrocada, o personagem real desta crônica conseguiu obter, pelo menos uma vez, a nota máxima ao ultrapassar a linha de chegada onde, juntamente com os seus entes queridos, permaneceu por um tempo, até certo ponto efêmero.
Diante da veracidade dos fatos, os responsáveis por sua ruína no comportamento pessoal, eram na realidade, as ausências de amor próprio e de apego à vida. Essas particularidades abalavam a determinação de romper, definitivamente, a corrente maléfica que o aprisionava...O álcool .
Quando percebeu que este irmão mais velho lhe ofereceu a benevolência de que ansiosamente aguardava, tratou de valorizá-la, procedendo de modo antagônico ao de sua rotina, absorvendo conselhos, alimentação adequada, remédios para o corpo e alma, tendo neste caso aceitado o amparo de sua sobrinha, minha querida filha Valéria Lobato, que o encaminhou ao grupo dos Alcoólicos Anônimos.
Surpreendendo, cativando e emocionando aqueles parentes que o ajudavam a abandonar, de uma vez por todas o lamentável vício, o meu personagem conseguiu obter durante os meses que se seguiram, os troféus de sua vitória os quais consistiam em medalhas significativas, com o lema da entidade de ajuda, ou seja, o resultado decorrente da abstinência por mais 24 horas...
Os desígnios de Deus, entretanto, são onipotentes e contra eles não podemos lutar. Assim, após seis anos consecutivos, período no qual houve o efetivo restabelecimento de seu estado físico, moral, psicológico e social, o notável vencedor teve, em 9 de janeiro de 1999, a sua derradeira derrota motivada por um fulminante AVC (acidente vascular cerebral), chocando e enlutando os corações de todos os que o amavam.
Como não poderia ser de outra forma, este é o registro da homenagem sincera, embora póstuma, ao personagem principal desta crônica, o meu saudoso e querido irmão Heydir de Freitas Lobato, nascido em 19 de dezembro de 1949, na cidade do Rio de Janeiro e falecido na data já mencionada. Agora só me resta escrever; descanse em paz, irmão.