Até a eternidade

Adeus, meu amigo. Eu não pude me despedir de você. Não o vi morrer, nem fui a seu enterro prestar as últimas homenagens. Não chorarei por você, lembrarei de você sorrindo e bem-humorado. Você me dizia que não acreditava em vida após a morte, que tudo acabava aqui. Pergunto-me se suas dúvidas se resolveram. Penso no que você sofreu antes de morrer, se teve medo, se pensou em Deus, se se sentiu sozinho. Espero que, em seu último instante, você tenha tido quem lhe segurasse a mão e lhe dissesse que você não estava sozinho. A última vez que o vi, você estava sorrindo e eu estava deprimida. Eu não sabia que seria a última vez, que você morreria na noite daquele mesmo dia. Talvez você tivesse planos para o dia seguinte. Lembro quando eu lhe contava meus sonhos e você me estimulava a seguir adiante. Que você esteja bem agora. Quanto a mim, vou seguir adiante, tentando superar meus dramas, pensando em você, no que não lhe contei e pretendia lhe contar. A gente sempre tem o hábito de deixar para depois, porque acha que há tempo. Mas nossa vida é incerta. A gente nunca sabe quando a eternidade nos chamará. Por fora, eu não choro mas, por dentro, sinto uma dor profunda. Quanto você ainda não poderia viver, aprender e amar. O que nós não ignoramos. Nada sabemos da vida e morremos sem saber. Dizemos que temos que aprender a viver mas, como viver de forma plena, até a eternidade nos chamar e nos levar para os horizontes do infinito? você vivia me dizendo para aproveitar a vida. Soubesse como isso sempre foi o que eu mais quis. Tenho tantos problemas que me impedem de viver como quero. Não cheguei a contá-los a você, não sabia o que pensaria deles. Bem, eu espero que você esteja num mundo onde a falsidade e o ódio não possam ferir e que a paz o rodeie.

A Olívio Bandeira Cézar Neto