Glosa da primeira estrofe do poema
Vem sentar-te comigo Lídia
de Ricardo Reis
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Glosa da primeira estrofe
Guida Linhares
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Falaremos de tantas coisas que pensamos,
trocaremos abraços e te aquecerei do frio,
e de nossos pesadelos nos desvencilhamos.
Ficaremos juntinhos apreciando a alvorada.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos,
que nossos sonhos são os degraus da escada,
que nos levam à plenitude daquilo que idealizamos.
Para que eu te apazigue com lágrimas banhadas
Venhas trazer aos meus olhos as tuas tristezas.
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
Este meu leal coração somente vê a tua beleza.
(Enlacemos as mãos.)
(Sejamos um só coração.)
Santos/SP/Brasil
27/11/06
&&&
Ven a sentarte conmigo, Lidia, a la orilla del río.
Hablaremos de tantas cosas que pensamos,
nos abrazaremos y te preservaré del frío,
y nos desataremos de nuestras pesadillas.
Nos quedaremos juntitos contemplando el alba.
Sosegadamente miremos su curso y aprendamos,
que nuestros sueños son peldaños de la escalera,
que nos lleva a la plenitud de aquello que idealizamos.
Para que yo te apacigüe en lágrimas bañadas
vengas a traer hasta mis ojos tus tristezas.
Que la vida pasa, y no estamos con las manos enlazadas.
Éste mi leal corazón sólo ve tu belleza.
(Enlacemos las manos.)
(Seamos un solo corazón.)
Version do prof amigo poeta Juan Martín
***
Vem sentar-te comigo Lídia
Ricardo Reis
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
***
BIOGRAFIA:
Ricardo Reis nasceu em Lisboa, às 11 horas da noite do dia 28 de janeiro de 1914. Foi discípulo de Alberto Caeiro, de quem adquiriu a lição de paganismo espontâneo. Há informação dando conta de que teria embarcado para o Brasil em 12 de outubro de 1919. Médico de profissão, monárquico, facto que o levou a viver emigrado alguns anos no Brasil, educado num colégio de jesuítas, recebeu, pois, uma formação clássica e latinista e foi imbuído de princípios conservadores, elementos que são transportados para a sua concepção poética. Domina a forma dos poetas latinos e proclama a disciplina na construção poética.
Ricardo Reis é o heterónimo que mais se aproxima do criador, Fernando Pessoa, quer no aspecto físico - é moreno, de estatura média, anda meio curvado, é magro e tem aparência de judeu português (Fernando Pessoa tinha ascendência israelita)- quer na maneira de ser e no pensamento. É adepto do sensacionalismo, que herda do mestre Caeiro, mas ao aproximá-lo do neoclassicismo manifesta-o, pois, num plano distinto como refere Fernando Pessoa em Páginas Íntimas e Auto Interpretação, (p.350).
Ricardo Reis é marcado por uma profunda simplicidade da concepção da vida, por uma intensa serenidade na aceitação da relatividade de todas as coisas.
http://nescritas.nletras.com/fpessoa/rrbiografia.htm
http://www.prahoje.com.br/pessoa/?p=15
http://www.ciencias.com.br/pagina_bedaque/pessoa/biografia.htm
http://www.secrel.com.br/jpoesia/reis.html
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Vem sentar-te comigo Lídia
de Ricardo Reis
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Glosa da primeira estrofe
Guida Linhares
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Falaremos de tantas coisas que pensamos,
trocaremos abraços e te aquecerei do frio,
e de nossos pesadelos nos desvencilhamos.
Ficaremos juntinhos apreciando a alvorada.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos,
que nossos sonhos são os degraus da escada,
que nos levam à plenitude daquilo que idealizamos.
Para que eu te apazigue com lágrimas banhadas
Venhas trazer aos meus olhos as tuas tristezas.
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
Este meu leal coração somente vê a tua beleza.
(Enlacemos as mãos.)
(Sejamos um só coração.)
Santos/SP/Brasil
27/11/06
&&&
Ven a sentarte conmigo, Lidia, a la orilla del río.
Hablaremos de tantas cosas que pensamos,
nos abrazaremos y te preservaré del frío,
y nos desataremos de nuestras pesadillas.
Nos quedaremos juntitos contemplando el alba.
Sosegadamente miremos su curso y aprendamos,
que nuestros sueños son peldaños de la escalera,
que nos lleva a la plenitud de aquello que idealizamos.
Para que yo te apacigüe en lágrimas bañadas
vengas a traer hasta mis ojos tus tristezas.
Que la vida pasa, y no estamos con las manos enlazadas.
Éste mi leal corazón sólo ve tu belleza.
(Enlacemos las manos.)
(Seamos un solo corazón.)
Version do prof amigo poeta Juan Martín
***
Vem sentar-te comigo Lídia
Ricardo Reis
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
***
BIOGRAFIA:
Ricardo Reis nasceu em Lisboa, às 11 horas da noite do dia 28 de janeiro de 1914. Foi discípulo de Alberto Caeiro, de quem adquiriu a lição de paganismo espontâneo. Há informação dando conta de que teria embarcado para o Brasil em 12 de outubro de 1919. Médico de profissão, monárquico, facto que o levou a viver emigrado alguns anos no Brasil, educado num colégio de jesuítas, recebeu, pois, uma formação clássica e latinista e foi imbuído de princípios conservadores, elementos que são transportados para a sua concepção poética. Domina a forma dos poetas latinos e proclama a disciplina na construção poética.
Ricardo Reis é o heterónimo que mais se aproxima do criador, Fernando Pessoa, quer no aspecto físico - é moreno, de estatura média, anda meio curvado, é magro e tem aparência de judeu português (Fernando Pessoa tinha ascendência israelita)- quer na maneira de ser e no pensamento. É adepto do sensacionalismo, que herda do mestre Caeiro, mas ao aproximá-lo do neoclassicismo manifesta-o, pois, num plano distinto como refere Fernando Pessoa em Páginas Íntimas e Auto Interpretação, (p.350).
Ricardo Reis é marcado por uma profunda simplicidade da concepção da vida, por uma intensa serenidade na aceitação da relatividade de todas as coisas.
http://nescritas.nletras.com/fpessoa/rrbiografia.htm
http://www.prahoje.com.br/pessoa/?p=15
http://www.ciencias.com.br/pagina_bedaque/pessoa/biografia.htm
http://www.secrel.com.br/jpoesia/reis.html
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