Ah, que estrondo tão grande!
Depois que tua palavra matou meus silêncios
Nunca mais minha imaginação ficou vazia
E nem minhas mãos, nem meu olhar
E nenhum querer em mim quis mais
E nada que fosse tão pouco profundo
Nem tão raso para não me roçar os eus
Meus gritos aflitos que ganharam o mundo
E andaram por estas ruas em que pisas
Em que pisas agora num tempo ido
E por estas sombras onde ainda vives
As sombras das palavras mais certas
Na mais incerta poesia que sobrevive
E se eleva ainda sobre todos os mistérios
E paira crível no mais abstrato infinito
Onde a chuva oblíqua cai na hora absurda
Em frente a tabacaria em frente ao Tejo
Onde te vejo rio de vida que corre ainda
E onde minha palavra mais rica, se houver
Na passagem das horas se esconde e cala
Diante da tua palavra mais pobre, se houver
Que é aquela que ninguém sabe, mas fala
Muito pretensiosamente...
A Fernando Pessoa (13/06/1888 - 30/11/1935)
Depois que tua palavra matou meus silêncios
Nunca mais minha imaginação ficou vazia
E nem minhas mãos, nem meu olhar
E nenhum querer em mim quis mais
E nada que fosse tão pouco profundo
Nem tão raso para não me roçar os eus
Meus gritos aflitos que ganharam o mundo
E andaram por estas ruas em que pisas
Em que pisas agora num tempo ido
E por estas sombras onde ainda vives
As sombras das palavras mais certas
Na mais incerta poesia que sobrevive
E se eleva ainda sobre todos os mistérios
E paira crível no mais abstrato infinito
Onde a chuva oblíqua cai na hora absurda
Em frente a tabacaria em frente ao Tejo
Onde te vejo rio de vida que corre ainda
E onde minha palavra mais rica, se houver
Na passagem das horas se esconde e cala
Diante da tua palavra mais pobre, se houver
Que é aquela que ninguém sabe, mas fala
Muito pretensiosamente...
A Fernando Pessoa (13/06/1888 - 30/11/1935)