Goás! Velha Vila Boa

Valete dos Anjos

Foi como dia de canto

e encantador o entardecer...

Sobre aquela mesa de pedra

na mais bela renda divina.

Assim, sobre as calçadas e ruas de pedras,

caminhamos como devaneios sonhadores...

Sim, devaneios poéticos!

Na noite avistei a Igreja secular amarela,

em todos os lugares só ela

na majestade sombria luz na calçada singela.

Dia a após dia comemos pão e Mortadela,

ao lado da aquarela casa tão bela.

A casa de Cora Coralina, linda sobre a janela.

Goiás patrimônio do mundo,

pois lá no fundo da bacia de pedras

existem páginas amarelas

lindas e escritas por Ela.

Ao lado desta casa antes habitada,

serpenteia o Rio Vermelho sorrateiro

mas certeiro em pequenas brumas;

a linda espuma teima bem devagar...

E devagar vai Goiás, as pessoas, o menino, os anciões.

Cidade teimosa e poente nos deixando demente.

Já é noite fria!

A procissão de milhares de velas na mão,

reluzindo aquele chão em meio a alguns que cai

e pede a mão amiga.

Devagar um velho desce, devagar descem outros,

tateando os passos, como cegos sem mão,

passos lentos, lentos e lentos... Arrastados no chão.

Os casarões antigos erguidos pelas mãos negras

do destino, esquecidos pelo ferro em surras apino de fogo

em busca do suor Divino.

E assim Goiás permanece lenta e dormente,

sempre contente na eterna lembrança

do momento vivido.

Italo Gouveia
Enviado por Italo Gouveia em 13/06/2011
Reeditado em 28/08/2011
Código do texto: T3032825
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