Goás! Velha Vila Boa
Valete dos Anjos
Foi como dia de canto
e encantador o entardecer...
Sobre aquela mesa de pedra
na mais bela renda divina.
Assim, sobre as calçadas e ruas de pedras,
caminhamos como devaneios sonhadores...
Sim, devaneios poéticos!
Na noite avistei a Igreja secular amarela,
em todos os lugares só ela
na majestade sombria luz na calçada singela.
Dia a após dia comemos pão e Mortadela,
ao lado da aquarela casa tão bela.
A casa de Cora Coralina, linda sobre a janela.
Goiás patrimônio do mundo,
pois lá no fundo da bacia de pedras
existem páginas amarelas
lindas e escritas por Ela.
Ao lado desta casa antes habitada,
serpenteia o Rio Vermelho sorrateiro
mas certeiro em pequenas brumas;
a linda espuma teima bem devagar...
E devagar vai Goiás, as pessoas, o menino, os anciões.
Cidade teimosa e poente nos deixando demente.
Já é noite fria!
A procissão de milhares de velas na mão,
reluzindo aquele chão em meio a alguns que cai
e pede a mão amiga.
Devagar um velho desce, devagar descem outros,
tateando os passos, como cegos sem mão,
passos lentos, lentos e lentos... Arrastados no chão.
Os casarões antigos erguidos pelas mãos negras
do destino, esquecidos pelo ferro em surras apino de fogo
em busca do suor Divino.
E assim Goiás permanece lenta e dormente,
sempre contente na eterna lembrança
do momento vivido.