HOMENAGEM A UMA MULHER

Teu amor por ele mantém a pureza que o meu amor por ele nunca pôde assim, integralmente.

Tu o amas como musgo aderido à pedra e eu o amo como ostra a carregar a pérola, a pérola-tesouro, a pérola- sem cura- ferida aberta- no ventre, no útero.

Tu me odeias assim, simplesmente, porque eu existo nele e, no escuro dos meus sentimentos, não cabe ódio por ti; não cabe, ainda que eu o quisesse.

Para ti, ele é o nome da Infância; assim também para mim: o da Infância perdida.

Existes nele com a inocência das flores silvestres e eu, como a rosa cujo contato fere para sempre.

Ele, aconteça o que aconteça, te é sempre Amor de Salvação; para mim, ao longo dos tempos, tem sido ele, sempre, Amor de Perdição.

Tu carregas sempre, para ele, teu olhar mais puro e eu, o meu olhar de Culpa sem Perdão.

Ele nunca nos esquece, que não pode, mas, hoje, existimos nele misturadas: eu tenho a cor de teus olhos e tu, a cor dos meus cabelos.

Já não me é possível pensar em mim sem ver-te, assim semelhantes como duas estrelas vistas daqui da Terra por um homem, pelo mesmo homem, pelo homem que não pode pensar em ti sem ver-me, e vice-versa; pelo homem que, até no esquecimento, não consegue esquecer-nos separadas uma da outra.

Na manhã de 04 de junho de 2011.