Mãezinha
Vá mãezinha...
Vá... Desdobra o corpo da alma
E flutua...
Saiba querida, sua missão na terra se extinguiu
Os anjos a rodeiam em cânticos
De asas abertas a esperam para afagos
Para a recepção maior
Você nunca se omitiu as sinceridades que aceitou
Coerências suas, muitas vezes não dos outros
Mas sempre acreditou que sua maneira de ser era a verdade
As necessárias ao rumo do universo
Você mamãe que fazia versos admirando o céu
As árvores...as montanhas...
Onde mirava imagens e nos mostrava
Sabia bem sorrir, dançava, brincava
Espanando as tristezas as aflições as agressões do mundo
Você mamãe que colocava em letras
O cotidiano, o passado, o presente
Gostava de passear e ao seu homem – papai- sabia amar
Com intensidade que jamais presenciei em outros pares...
Pesares hoje? Não mamãe
Há muita emoção em sua hora em meu coração,
Mas sem lástima
Há louvor pelo agora
E ao terminar o seu respirar na terra
Deu-me a prova que você vai continuar...
Assisti seu corpo em fração de segundo se transformar
Em prata...sutil...e maravilhoso instante...
Ao esvaziar da carne
A alma... Sua alma, presenteou-me com a visão nítida da despedida
Em prata, sua hora da partida!
Vá mãezinha, desdobra a alma do corpo
E flutua!