para livia andrade II(durante as ultimas ferias)

É mais uma noite de quarta-feira como todas as outras, mas com um toque especial e melancólico; já não sei bem definir o que sinto, apenas que uma vontade de chorar me possui de imediato. Talvez a minha alma queira chorar por todas as coisas que aconteceram comigo e com as pessoas a minha volta, por todas as coisas que deixei de fazer e de escutar, ou simplesmente eu quero chorar por que sinto vontade de me libertar dos meus pesares diários e ver a consumação de meus sonhos mais singelos e mais fervorosos.

Em meio a essa tristeza, lembro-me de alguns amores; Alguns recentes e outros antigos; Doces ou amargos; Perderia a noite inteira escrevendo as comparações que poderia fazer, mas hoje penso em alguém especial; hoje penso em numa pessoa que me tocou muito rápido e, muito fulgido também foi o fim do nosso amor, por mais sincero que ele tenha sido, ou ainda é.o fato, é que o que antes me era normal, está findando por torna-se um incômodo. Pensar que suas mãos podem estar tocando outras mãos e seu olhar mirando outro rosto me causa dores eufóricas e atrozes, cujo desconforto vai muito além de uma simples explicação racional; o sentimento que me avassala se confunde a toda hora em suas intenções, tornando-me um louco a mercê das escolhas do meu coração e não da minha razão.

Por muitas vezes me vem á idéia de que o mais certo seria esquecer-te e deixar-te em paz, para que faças tuas escolhas sem nenhum receio grafado com meu nome no verso; outras vezes, me vêm á idéia de que eu estou sendo simplesmente fraco, e que era nesta hora em que eu deveria esquecer os riscos; deveria não pensar nas conseqüências e dar uma chance ao nosso amor, ao invés de sempre esperar uma nova chance para mim mesmo. Deveria pensar em sanar as tuas dores, por que as minhas de nada valem perto das tuas, isto eu sei. Eu sei que teu passado te maltratou, e seus fantasmas ainda te assombram na medida em que te deixam mais forte. Eu sei que agora, as chagas do presente foram minhas palavras doces, que soavam como um prelúdio para teus ouvidos e que findaram por ser o cântico de uma elegia breve, mas não menos triste do que qualquer outra que ouvimos ou ouviremos um dia.

Todas as noites eu perco o sono, pensando em como deve ter doído ver o fim chegar antes do começo, mas esta dor também é minha; Este martírio também faz parte do meu dia-a-dia; esta agonia também me sufoca e me faz aflito. O que eu não entendo, é o porquê de eu me considerar o principal autor desta triste história de desilusão; talvez seja o meu jeito compadecido por todo mundo, ou talvez seja o orgulho que, já enfraquecido, vai revelando o que a consciência entende e tem por verdade.

Nada importa agora, isto já é fato; o que se fizer daqui para frente será uma nova história, em que talvez o final nem mude; pode ser que o rumo do destino siga por dentre outras estradas e que a solidão junto à distância forme um elo que nos prenda juntos para sempre; pode ser que daqui a algum tempo nem nos vejamos mais; pode ser que a história de cada um de nós, sem o outro, seja abstrata e despida de significado concreto, de objetivos e de felicidade; pode ser que tudo um dia se consuma em minha vida, em um gesto ou ate em um beijo, mas, concerta, em um nome: Lívia.

Felipe de Oliveira Ramos
Enviado por Felipe de Oliveira Ramos em 10/05/2011
Código do texto: T2961053
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