Às mães ausentes - Bolinho de chuva.

Bolinho de chuva

Pois é, ainda chove.

Gotinhas prateadas brincam de escorregador na minha vidraça.

O domingo passa.

Tive vontade de comer bolinhos de banana salpicados com açúcar e canela: bolinhos de chuva.

Ninguém mais me fará bolinhos iguais aos dela.

Observo os pingos de chuva escorrendo... escorrendo...

Sopro a vidraça e desenho um coração,

como fazia quando a gente morava na casa amarela.

Hoje, a casa está vazia e o meu peito repleto de lembranças.

Gotas brotam dos meus olhos e escorrem... escorrem pelas minhas faces...

Chovendo me vejo.

Embaçaram meus óculos... alguém os terá soprado?

Talvez.

Ao retirá-los, percebo algo desenhado.

Reconheci o contorno daqueles lábios:

-Mãe, foi como se mais uma vez você tivesse me beijado!

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 08/05/2011
Reeditado em 08/05/2011
Código do texto: T2956716
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