Mãe

Na essência da mulher...

Mãe.

Na imagem tão amiga,

Na palavra que abriga.

No texto de longa historia de vida

Na infância que num sono apavora...

Perda, ir embora.

Mãe.

Na companheira que envelhece na minha frente,

Bem antes de mim.

E eu assisto o meu futuro....

Mãe.

Amiga da minha pequena infância, de um lugar chamado ventre.

Mãe.

Única testemunha das noites mal dormidas,

De bofetada que afetou meu sentir, nem tanto a minha carne.

Que viu meu entristecer vir e partir num sorrir...

Mãe.

E hoje estou aqui, tentando retratar,

Dar vida, retomar o que se foi para nunca mais voltar.

Esta é a pior parte da vida, tudo que vai fica...

A você que desde que comecei a dizer palavras

Perdeu seu nome.

Mãe.

O nome que registrei foi dito por toda a casa,

Por todo o canto, até aos amigos te apresentando...

Mãe.

Por tantos anos.

Dou graças porque te chamo.

Dou graças porque me chamam,

Mãe.

Cristina Gonçalves
Enviado por Cristina Gonçalves em 08/05/2011
Reeditado em 02/10/2012
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