A S TRÊS IR-MÃES
Quando um dia aconteceu
Na tarde triste em que minha mãe morreu
Em que se duvida
Se Deus existe,
Ficamos, meu pai e dois irmãos
Um mais velho, outro mais novo que eu,
Achando que tudo estava perdido,
Porém mais tarde é que vimos
Que nem tudo se perdeu,
Pois ganhamos três mães
Na renuncia carinhosa,
Numa união amorosa
Nossas três irmães
Lucy, Zezita e Rosa.
Naquela época então,
Tinha eu catorze anos.
Adolescente esperto porém cheio de ilusão.
Meu pai e elas tinham planos.
Moldaram-me o caráter, fincando-me os pés no chão.
Deram-me forma e instrução
Com sacrificio, como a cumprir uma sina.
Ajudaram-me a ser homem,
Puseram-me na faculdade
Formaram-me em medicina.
Ah, que alegria bendita!
Ah, minhas irmães,
Rosa, Lucy e Zezita.
Assim termina uma fase
Daquela vida vivida
Agora eu tinha uma base
Deixava a cidade querida,
O sonho acalentado
Tomava forma e medida.
Trabalho assegurado
Logo eu estava casado
Com uma mulher encantada
Que duas filhas me dava
Aqui em Minas, onde até hoje estou.
Morreu meu pai e meu mais velho irmão.
O mais novo, como eu, também se mudou.
E as três irmães? Onde estão?
Ficaram lá cumprindo os seus destinos.
Vivem suas rotinas tristes, de solidão.
Com suas poucas amigas, pois os parentes se "foram"
Gastaram suas retinas, suas saúdes a cuidar de nós.
Nos domingos, pelas manhãs,
Sempre conversamos e as vezes até brigamos.
Elas lá e eu aqui.
E assim seguimos, eu e as três ir-mães.
Ah, como eu as quero!
Zezita, Rosa e Lucy.
L U C I A N O
M A I O/ 2011