A Força de um nome
Sobre a ciência
"A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição. A religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos."
- João Paulo II - 1987
Muitas vezes, nos perguntamos à origem de nosso próprio nome, se sua designação foi uma mera opção de nossos pais, influências de nossos antepassados ou, simplesmente, obra do acaso.
Quando voltamos nossos olhos para a história e contemplamos os nomes de homens que, através de seus legados, deixaram efetivamente suas contribuições para a evolução do ser humano, pensamos na possibilidade da designação estar ligada, senão a um destino, pelo menos a uma força que vai além da simples escolha.
No caso dos papas é dito que, no geral, esta escolha é um direito do próprio pontífice, quando de sua eleição pelo colegiado para assumir o patriarcado de Pedro, com base, a princípio na proposta de continuar a obra de um ou mais de seus antecessores ou, pelo menos, se inspirar na forma que outro conduziu seu trabalho ou também uma escolha para indicar que ele começa uma nova vida, ao assumir o pontificado supremo, já que tudo o que a pessoa eleita viveu, é como se não tivesse valor, começando nova existência a serviço da Igreja e, ainda, que o nome seja também de um santo que ele adota para proteger-lhe e lhe sirva de modelo no Pontificado, assim a escolha do nome pode indicar que rumo o novo Papa quer dar à Igreja
Porém, especialmente, no que se refere a João Paulo II, como o seu antecessor, o qual foi o primeiro a ser chamado João Paulo e ficou no poder somente alguns dais, parece-nos que por trás deste nome tão peculiar há indícios de que nada é por acaso e, assim, tudo indica que sua escolha foi objeto, no mínimo, de uma grande inspiração.
Vejamos, pois, que a composição de seu nome, inicialmente, revela o começo efetivo da Boa Nova para a Humanidade, uma vez que João, não o Evangelista, mas o Batizador, aquele que anunciou com voz poderosa a chegada do Messias, foi, em verdade, o percussor do cristianismo, aquele que foi o primeiro a reconhecê-Lo efetivamente como Filho de Deus e, num ato de humildade, se curvou diante de Jesus e pediu-lhe também pela sua própria conversão nas águas no rio Jordão e continuou com sua pregação, alertando o povo judeu da presença na Terra do Salvador.
Podemos, por respeito a sua obra, considerar João o último dos profetas e também o primeiro dos grandes apóstolos do Cristianismo Primitivo. Portanto, este nome, de grande poder e profunda designação, já que em hebraico, na sua origem, significa “Agraciado por Deus”, trás consigo a recordação de um trabalho desbravador, de um imenso plantio entre os povos e as nações, que prepara a humanidade para uma nova época, uma nova fase da evolução.
Não foi sem razão que o próprio Cristo o chamou “o maior entre os nascidos de mulher”, já que ficou conhecido também como o castigador da hipocrisia e da imoralidade da sua época, pagando com o martírio o rigor moral que não só pregava, mas, também, punha em prática mesmo diante das ameaças de morte
Podemos, também, dizer que João, que tinha vida austera, segundo as regras dos nazireus, é a designação da primeira grande coluna que sustenta os dois mil anos de história da humanidade, enquanto que Paulo, o Maior dos Apóstolos, que, também, teve sua conversão, ainda que pela dor, é a segunda grande coluna, uma vez que foi sua obra que consolidou o Cristianismo nos continentes.
Portanto, a junção dos nomes João e Paulo pode não ser um acaso, mas sim, no mínimo, uma bela e profunda inspiração, já que colocou sobre o santo padre Wojtyla o poder de conviver numa época profundamente transformadora para a humanidade, em seu segundo milênio, e dar início a grande proposta do Cristianismo Universal, ou seja, o Perdão.
Pois, foi ele que, por atos de coragem e profunda fé, ousou pedir a reconciliação da Ciência com a Religião; suplicou, em nome do passado, que a Ciência perdoasse as barbáries da instituição religiosa contra a razão, a exemplo da humilhação promovida a Galileu Galilei; reconheceu o erro contra a Ordem dos Templários e os atos cruéis da Inquisição, que provocou, inclusive, o suplício do seu último grão-mestre, o monge Jacques de Molay; bem como, ousadamente, solicitou ao povo judeu a reconciliação com a igreja católica, por ter ela, no momento da maior dor de seu povo, durante o terrível holocausto, ter silenciado diante das nações; e, ainda, se penitenciou aos africanos e índios pela passividade com que a Igreja assistiu a escravização de seus antepassados.
Só um João para reconhecer e anunciar o caminho do Perdão.
Só um Paulo para ter o poder de se arrepender por todos os atos praticados anteriormente e, humildemente, se converter num verdadeiro e eterno Cristão.
Creio que seu nome, João Paulo, não foi por acaso. Pois, ele ficará para sempre na memória humana porque revela o segredo da conversão e a possibilidade da salvação.