Guerreiras da Nelson Hungria(Presidio Segurança Maxima MG)

Para você

Que fica na fila

Desde o amanhecer,

Olhadas de cima em baixo,

Como se fosse o último ser.

Para você,

Que encontra saída pra vencer,

Nas filas do presídio,

No frio e no calor

Sacolas e cobertor

Cheiro bom de comida

Cheiro de amor

Amor sincero

Para o filho, esposo, irmão.

Os agentes não entendem

Discriminam,

As agentes na revista, no quartinho,

A vergonha não existe se existir, raios X.

Abrem-se mulheres que não dormem sem camisolão,

Meninas dos sonhos do anexo e pavilhão.

Braços saudosos de abraços, corpos sedentos por amor.

O caminho rodeado de plantas que detentos molharam,

A espera da amada que ali vai passar.

A hora chega, passam-se os portões os agentes olham.

O desfile das mulheres, lá fora sandália de salto alto,

Cabelos escovados, roupa de festa.

Lá dentro chinelo de dedo, roupa sem detalhes,

Cores frias.

Por dentro a vida corre em direção a delícia de estar

Algumas horas com o amado.

Na fila, garotos vendem lugares,

Amizade sincera se encontra ali, dividindo as mesmas dores,

Costurando corações partidos,

Desabafos e injustiças ficam fora do portão.

Tem bonde, descida, ficam ali vidas divididas.

Na saída o aperto na alma,

Olhos marejados, futuro incerto.

Que vida!

Mas elas resistem bravamente,

No frio, calor, chuva...

Para essas mulheres, fica meu abraço e consideração.

crisviana
Enviado por crisviana em 27/04/2011
Código do texto: T2933461
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