Um aniversário musicado

Prólogo:

“Liberdade Poderosa! Libertadora da alma... Descanse agora e se imagine descansando em paz no final. É adorável esse lugar. É adorável e ninguém pode acreditar ou entender como vim de tão longe somente pela família... Minha família. Eu deveria estar lá com eles quando o mundo desabou, mas agora eles descansam comigo.” – (Parte da tradução da letra do poema: “Now We are free” (Agora nós somos (estamos) livres) - Composição: Hans Zimmer E Lisa Gerrard - Cantada Por Enya).

O poema acima citado foi tema do filme “Gladiator” (Gladiador). Desculpem-me os respeitáveis tradutores profissionais se inadvertidamente cometi alguma desídia ou lapso com parte dessa tradução.

Pode parecer bobagem, mas nos aniversários do Pedro Henrique e meu, 12 e 13 de abril respectivamente, amanheci o dia em festa. Um dos meus amantíssimos netos, Pedro Henrique Rodrigues Pereira de Souza, para os mais chegados apenas O PH, completou três anos e eu, não tão jovial o quanto ele, mas certamente mais experiente atingi os, neste bendito dia, sessenta e dois anos!

Tomei meu café da manhã ouvindo Bach, que vocês poderão acessar pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=jCfPGkIfve8

Claro que também ouvi outras músicas, todas, invariavelmente de estilo “New Age”. Recebi telefonemas de familiares, amigos e amigas; "e-mails" e SMS (Torpedos) de quase todos os Estados de nossa República Federativa.

Infelizmente houve os esquecimentos involuntários de alguns amigos e amigas, mas nada que ofuscasse o brilho das lembranças espontâneas dos mais próximos ao peito arfante do homem só.

Essa supracitada música (Ave-Maria), que eu já conhecia, inclusive em outras versões cantada por Pavarotti com Jon Bon Jovi, Roberto Carlos e outros, foi uma indicação, tal qual um honroso presente, de uma queridíssima amiga.

Ah! Não foi só isso. Fiz a barba. Pus uma bermuda nova, uma sandália verde (cor da esperança), também nova. Tomei meu dejejum ou desjejum como preferem escrever os intelectuais e amantes do purismo linguístico acompanhado da cadela Jade, minha doce e inocente criatura de estimação e companheira de todos os momentos felizes ou de solidão.

Saltitante e com a cauda abanando a Jade fez a festa comigo na biblioteca da casa dos sonhos coloridos. Essa nossa casa, em profusa luminosidade, embora estivesse uma manhã chuvosa, desde muito cedo foi alegrada pelo trinar dos periquitos e calopsitas.

Mas o dia de hoje não se trata de uma data tão especial e digna de festejos solenes como entendem algumas pessoas amigas. Ora, por que afirmo isso? É simples:

Primeiro porque minha mamãe Júlia, antes de desencarnar, segredou-me que nasci no dia 28 de março de 1949 e que essa data ocorreu em uma segunda-feira; segundo porque professo a crença de que nasci quando fui concebido (encarnei) nove meses antes do mês de março do ano de 1949, isto é, na última semana do mês de junho do ano de 1948. Oh! Santa confusão! Não tenho como saber a data correta dessa bendita concepção.

Irrelevâncias à parte o importante é que em obediência a minha Certidão de Nascimento considera-se meu alvorecer no dia 13 de abril do ano de 1949. Estou com um enorme e excelente desequilíbrio entre a idade mental e cronológica, pois me considero, na data de hoje, como se tivesse algo em torno de no máximo quarenta e cinco anos de vida corpórea.

Afirmo, sem pejo do ridículo, que os aspectos corporais e psicológicos do envelhecimento não me bateram, ainda, à porta. Mesmo se isso já houvesse ocorrido certamente teria sido com muita dignidade e isso exteriorizei quando escrevi e publiquei no Recanto das Letras o texto: “Envelhecer com dignidade”.

No texto faço uma justa homenagem ao senhor JOSÉ FLORENTINO DE LIMA escrevendo:

“A arte de envelhecer é encontrar pela busca determinada, tal qual conquistador intimorato, persistente, incansável, o prazer que todas as idades proporcionam, pois têm essas frutuosas vivências as suas notáveis virtudes.” – Para ler o texto completo basta acessar o endereço: http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/1512767

É claro que este escrito pode muito bem ser aplicado NÃO APENAS ao senhor JOSÉ FLORENTINO DE LIMA, mas a todas as pessoas que acreditam que as melhores armas para a velhice são o conhecimento e a prática das virtudes. Cultivados em qualquer idade, eles dão frutos soberbos, no término de uma existência bem vivida.

CONCLUSÃO

Não me queixo de estar envelhecendo. O importante é envelhecer com dignidade e esperança. E o mendigo? E as crianças nas ruas? E os animais abandonados nas ruas? Mendigo, mendicante, morador de rua ou sem-teto é o indivíduo que vive em extrema carência material, não podendo garantir a sua sobrevivência com meios próprios.

Eles não comemoram seus aniversários! Tal situação de indigência material força o indivíduo a viver na rua, perambulando de um local a outro, recebendo o adjetivo de vagabundo, ou seja, aquele que vaga, que tem uma vida errante.

Também assim vivem as crianças e os animais abandonados, doentes, famintos e sem o carinho tão necessário ao equilíbrio e ao sossego. O estado de indigência ou mendicância é um dos mais graves dentre as diversas gradações da pobreza material, da miséria humana e animal.

Para corroborar essa afirmação cito parte do texto escrito por Celina Fontes de Andrade com os direitos reservados, que assim escreveu "ipsis verbis" (textualmente):

“Moradores de Ruas são crianças, adolescentes, adultos, velhos e idosos. São moradores de ruas por causas variadas como: abandono familiar ou até falta da família, situação econômica, desemprego, desajuste social e problema psicológico.

Nas ruas, eles tem liberdade de vida para fazer o que quer, o que pensa sem compromisso nem responsabilidade com nada. O que levam a serem moradores de ruas são as conseqüências ou opção. A filosofia de vida dessas pessoas é bastante complexa.

Baseia-se no hoje, naquele momento; muitas vezes não tem sonhos, não tem esperança de mudanças. Estando com fome tem que conseguir algo para comer, não importa como, se pedindo, comprando, o até roubando ou furtando.

A roupa, geralmente só tem aquela que está vestindo, porque não tem guarda-roupa, não tem aonde guardar nada, às vezes tem apenas uma sacola velha ou um saco. A proteção à noite é feita através de papelões e plásticos. Quando recebem cobertores doados pelas entidades sociais ou grupos religiosos não têm como preservar. Basta molhar para deixar no local, pois não tem como secar.” - (SIC).

Em público quero agradecer todas as manifestações de apreço, cortesia e franca camaradagem ao se lembrarem de meu aniversário. Agora quero ser cogente afirmando que é ótimo ter uma família organizada, bem estruturada, capaz de nos proporcionar a alegria de poder e ser feliz envelhecendo sem se maldizer, pois neste exato instante eles se regozijam com o meu sadio e benfazejo envelhecer.

Por essa razão vou repetir o prefácio deste texto:

“Liberdade Poderosa! Libertadora da alma... Descanse agora e se imagine descansando em paz no final. É adorável esse lugar. É adorável e ninguém pode acreditar ou entender como vim de tão longe somente pela família... Minha família. Eu deveria estar lá com eles quando o mundo desabou, mas agora eles descansam comigo.” – (Parte da tradução da letra do poema: “Now We are free” (Agora nós somos (estamos) livres) - Composição: Hans Zimmer E Lisa Gerrard - Cantada Por Enya).