Homenagem ao 129º aniversário de nascimento de José Albano

Neste 12 de abril, homenageamos o poeta cearense José de Abreu Albano pela passagem do seu o 129º aniversário de nascimento.

Nascido em Fortaleza nesta data, no ano 1882, muito cedo foi estudar na Europa - França, Suíça e Inglaterra – em colégios ligados à doutrina católica. Antes de completar 20 anos retornou ao Brasil e iniciou a publicação de poemas no Jornal A República. Com 22 anos embarcou para a capital da República com a finalidade de estudar Direito, mas poucos anos depois retornou ao Ceará sem completar o curso. De novo em sua terra natal, lecionou latim no Liceu do Ceará.

Extremamente religioso e culto, escrevia admiravelmente em francês, em alemão e em inglês, além de ser mestre de latim. Não obstante dominar estes idiomas, tratava como ninguém a língua portuguesa. Sua formação em moldes eclesiásticos influenciou determinantemente sua poesia. Já casado, trabalhou no consulado do Brasil na capital inglesa e viajou pelo mundo, escrevendo poemas de estrutura clássica.

Sua obra não é vasta, mas possui uma qualidade inquestionável dentro dos padrões do simbolismo, uma das correntes poética de sua época. Manoel Bandeira, a quem, juntamente com Braga Montenegro, se deve muito à divulgação da obra de José Albano, chamou-o de poeta singular, *porque inteiramente fora dos quadros da poesia brasileira*.

Alguns exemplos marcantes da obra do poeta:

POETA FUI E DO ÁSPERO DESTINO

Poeta fui e do áspero destino

Senti bem cedo a mão pesada e dura.

Conheci mais tristeza que ventura

E sempre andei errante e peregrino.

Vivi sujeito ao doce desatino

Que tanto engana, mas tão pouco dura;

E ainda choro o rigor da sorte escura,

Se nas dores passadas imagino.

Porém, como me agora vejo isento

Dos sonhos que sonhava noite e dia,

E só com saudades me atormento;

Entendo que não tive outra alegria

Nem nunca outro qualquer contentamento

Senão de ter cantado o que sofria.

(Influência de suas andanças - Rio de Janeiro e Europa)

*ESPARSA*

Há no meu peito uma porta

A bater continuamente;

Dentro a esperança jaz morta

E o coração jaz doente.

Em toda parte onde eu ando,

ouço este ruído infindo:

São as tristezas entrando

E as alegrias saindo.

(Influência dos seus sonhos de poeta)

*SENHOR, ASSIM PREGADO AO DURO LENHO*

Senhor, assim pregado ao duro lenho,

Não negas a ninguém o seu socorro;

A mim, pois, que de mágoa vivo e morro,

Dá-me o brando sossego que não tenho.

Em te amar sempre ponho todo o empenho,

Vendo do puro sangue o frio jorro,

E com suspiros aos teus braços corro

E ao pé da santa cruz deitar-me venho.

Olha como foi triste o meu destino,

Sem esperanças quase e sem ventura,

Apenas com os sonhos que imagino.

Lembra-te destas dores tão escuras,

De que tu és o meu Pastor divino

E de que eu sou a ovelha que procuras.

(Influência de sua religiosidade)

O poeta morreu aos 41 anos na cidade francesa de Montauban, em 11 de julho de 1923 e está sepultado no cemitério desta cidade.

NOTA:

Quem leu na minha escrivaninha, no dia 14 de março deste ano, a MENSAGEM *Dia Nacional da Poesia*, percebeu a importância que alguns nomes da poesia tiveram em minha vida. Entre eles está José Albano, a quem, hoje, presto essa humilde homenagem.

Luiz Vila Flor

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Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 12/04/2011
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