O sangue nas salas de aula
"Aos estudantes da escola de Realengo no Rio de Janeiro. Se há céu estão nele, longe das balas dos adultos sem amor"
INDIGNAÇÃO, TRISTEZA, INSEGURANÇA...
É o que sinto diante da violência nas escolas. De luto e sem exageros, digo que não há justificativa para o ato cometido pelo inconseqüente Wellington Menezes de Oliveira que tirou a vida de doze crianças na escola de Realengo - RJ. Ao pensar na família, nos professores dessa escola, nos coleguinhas que viram os mortos, fico num misto de sensações que diminui ainda mais minha fé no ser humano. Não precisamos de demônios, problemas psíquicos e/ou distúrbios para classificar o delinqüente. A sangue frio mirou os alunos e se achando puro fez uma carta com instruções de como fazer seu sepultamento. Quando enterrado será chorume no nosso solo. Putrefato de alma e espírito, não merece as análises de comportamento que a mídia faz. Cerceou sonhos, transformou a vida dos sobreviventes em pesadelo, machucou corpo e espírito, dos que diferente dele os tinham. Falar em segurança em tempos de bala perdida e balas encontradas em corpos frágeis de crianças é embriagar-se em utopia. Falar em fé para as mães das vítimas é "tiro n'água", falar em misericórdia no século XXI é apelar para o sobrenatural difícil de ser encontrado, pois foi perdido no meio do sangue que hoje rolou nas salas de aula e no meio das lágrimas que internamente ou na face derramamos.