OS ETERNOS OLHOS VIOLETA. OU SERIAM AZUIS?

Com todo o respeito aos que pensam de forma diferente, acho a morte uma necessidade. Até mesmo para “baixar a bola” de alguns “metidos a besta”, que se acham superiores aos demais mortais. A morte estabelece a igualdade entre os seres humanos. Matéria é matéria e todos estamos destinados ao pó, porque dele fomos formados e a ele retornaremos. O que permanece sãos as lembranças que deixamos no nosso registro de vida. Nessa linha, partiu Elizabeth Taylor. A atriz, a mulher, o ser humano. Como atriz deixou a sua presença marcante na telona. A sua beleza estonteante e o seu talento em representar marcaram uma época do cinema. À geração mais nova, recomendo vê-la em “Cleópatra”, “Assim Caminha a Humanidade” e em outro filme, não tão badalado, mas que muito me marcou, talvez porque se assemelhe a parte da minha história, o “Adeus as Ilusões”. A música é linda. A paisagem de Liz à beira mar pintando os seus quadros, com os seus olhos mais reluzentes que um diamante a ofuscar o próprio oceano, desequilibrou o austero pastor que por ela se apaixonou. Como mulher, como não lembrar que viveu intensamente todo o burburinho do contraditório da existência humana. E quem disse que a vida não é uma contradição? Oito vezes casadas. Duas vezes com o mesmo homem. Creio que só se casa duas vezes com a mesma pessoa, quando se a ama. Tórridos e conturbados casamentos. E que dizer do seu envolvimento com o álcool, com as drogas, com os remédios? As badalações. As homéricas festas. Com que persistência enfrentou os problemas de saúde de que foi acometida. Não vou julgá-la. Nem posso, nem devo. Certamente que muitos não a tem como exemplo a ser seguido. Cada um de nós constrói a sua própria história. Creio que tanto quanto se procurar viver sem cometer erros, ideal do Cristão, deve-se ter a consciência de que, os cometendo, existe a possibilidade do arrependimento e do recomeço. Liz cuidava de sua aparência. Não se sentia bem que a vissem desarrumada. Até mesmo quando já debilitada, em uma cadeira de rodas, apresentava-se produzida, maquiada, linda. Não importava com que idade estivesse. Quem disse que velhice é sinônimo de desleixo e de abandono? Procurarei entender o porque de minha mulher se produzir até pra ir no mercadinho da esquina. Evitarei meus rabugentos comentários. E não confundam cuidados com excessos. Vaidade sadia(existe?) com futilidade. Como ser humano tinha o seu lado humanitário. Talvez seja um pouco do Divino que todo o ser humano carrega. Criou e manteve uma fundação destinada à pesquisa cientifica no combate a AIDS. Sempre mostrou solidariedade com os seus amigos. Foi sem dúvidas uma grande atriz e um ser humano com todas as suas contradições. Para mim fica a inapagável lembrança daqueles olhos da cor de violeta. Ou seriam azuis?