Deixo a tua assim estampada
Na simplicidade dos momentos, somos felizes. Você pode até dizer que não acredita em felicidade ou que ela seleciona seus íntimos, mas no fundo, bem no fundo do teu ser, sabe que o respirar é estar sendo feliz; sabe que amanhecer, mesmo que na tristeza, é estar feliz. Sabe também, que após uma grande tristeza vem a boa e velha calmaria: O que seria essa paz senão a felicidade?
A maior felicidade é compartilhar amizades verdadeiras; é saber que, apesar das distâncias, estaremos sempre juntos. Não digo que em corpo físico, mas em pensamentos, transcendendo a simples matéria.
Caminharemos, a partir de agora, separados. Seremos iguais na caminhada e diferentes nos objetivos. Talvez nos percamos um pouquinho mais; talvez desapareçamos eternamente; ou quem sabe, fiquemos juntos até que a morte nos separe...
Peço Letícia, que viva na simplicidade, mesmo que não sejam belos os momentos; abrace novas ideias, busque outros ideais. Vá sorrindo por essa vida que se mostra em cansaço. Não crie barreiras onde não existem ou outros espelhos, pois, certamente, eles trarão mais problemas do que os que já existem. E se encontrar altas paredes em sua caminhada, derrube-as; e se encontrar espinhos descubra a flor por trás deles; e se encontrar saudade, lembre-se de que ela e um pouco de amor deixado para trás; e se sentires triste, lembres-se de lembrar-se da alegria contida em teu peito; e se os teus caminhos forem tortuosos, lembre-se de que nem tudo é da forma que queremos e na hora que queremos.
Tudo é uma compensação. Tudo é um momento. Tudo é uma espera!
Construimo-nos a cada segundo; é uma mudança tão lenta quanto a passagem do sol! Só percebemos essa mudança quando anoitece; quando chega a madrugada e suas reflexões. Nunca avaliamos produtivamente essa nossa transformação; parece que sempre falta algo a ser trocado, ou jogado fora, ou escondido. Nunca estamos satisfeitos conosco!
De toda essa nossa caminhada, ficam as risadas de amigos que talvez se esqueçam- mas que até agora não se esqueceram - ficam os momentos juntos; a simpatia de um grupo estranhamente heterogêneo; ficam imagens construídas como numa pintura, que diz muito sobre sentimentos e sensações! Ficam nossos olhares.
Caminhos foram feitos para serem seguidos. Vai, certamente, chegar num ponto e dizer que seu fim chegou; que é o momento de parar e esperar... Mas não se engane nessa espera incerta; não pense que outros virão abrir-lhe os seus caminhos. Essa será mais uma oportunidade que o mundo estará lhe oferecendo para que você prove a si mesma que é capaz!
Então, Letícia, colha tuas flores e deixe um pouco de si pela estrada; deixe sua marca; suas pegadas por esse delicioso caminho de mistérios.
Esqueça teus medos e diga ao mundo que você também passou por ele; e que contribui para a sua construção; e que o abraçou; e que chorou por ele; e compartilhou de seus sentimentos. Diga que você também é mundo! Pois o mundo, Letícia, não é apenas uma bola sem pontas; o mundo são as pessoas, e são as árvores, e os gatinhos (apesar de não gostar deles), e são os sentimentos, e somos nós!
Sei lá se é válido o que escrevo! Mas tenha contigo a certeza de que escrevo com toda a clareza do meu coração e com toda a verdade dos meus olhos.