Diamantes são eternos! - Homenagem a Elizabeth Taylor -
Já se disse algum dia que o desaparece na terra surge no céu, uma vez que tudo de lá veio e para lá precisa retornar.
Mas, nada são mais eternos, neste mundo, do que os frutos do amor, que se revelam nas belezas e nos gestos sutis, das nobres almas fortes e gentis.
Hoje uma estrela deixou de brilhar, aqui embaixo, entre nós.
Mas, sua luz estará, agora, iluminando para sempre os céus das memórias daqueles que a amaram neste mundo de ilusões.
Com seus olhos inesquecíveis e beleza inocente, ela foi para muitos, entre tantas, o primeiro amor pueril, lá naquelas décadas que fizeram nascer à liberdade, incentivaram a emancipação e lutaram pelos direitos da mulher.
Sua arte, dos movimentos sutis e olhares sedutores, fizeram, ao longo dos anos, nossas almas estremecerem e, também, nos levaram há conhecer um pouco as loucuras de paixão. Pois, foi ela, com seu carisma e doce expressão, que nos conduziu, pelas suaves mãos da imaginação, às loucas ousadias das mais proibidas emoções. Foi através dela que os meninos dos antigos, como nós, conheceram pela primeira vez a beleza intima da mulher e, ousadamente, sonharam com as carícias dos desejos que, embora incompreendidos, já eram em nós intensos. Enquanto nossos humildes corações, de meninos pobres e amantes do amanhã, amadureciam para o amor e se preparavam para a razão, também, as lindas meninas sonhavam, através dela, que poderiam alcançar tamanho ideal de perfeição.
Ao lado de seus parceiros de interpretações, ela nos causou ciúmes e nos fez, por inúmeras vezes, vibrar de inveja, de ciúmes, de desejos e de veneração. Muitas vezes, também, ela nos deixou na solidão, ansiosos na angustiante espera de uma nova película, com outra das suas brilhantes interpretações.
Bem sabemos, que sua figura escultural e sua beleza impar e sem igual embalaram sonhos e feriram corações, lá no fundo, bem no escuro, dos antigos cinemas das cidades do interior.
Foi, pois, sua presença, ainda que simples efeitos de luzes coloridas projetas nas telas brancas, que mexeram com nossas imaginações, enriqueceram nossas mentes e fizeram florescer em nós a força da libido e as mais belas ilusões.
Hoje, ela se foi!
A Liz..., a Luz se apagou. A cortina se fechou!
Sua voz não mais se faz ouvir e seus movimentos não pode mais nos seduzir, a não ser que nos, nos fechando para a razão, nos coloquemos diante das telas das mais vivas recordações e sonhemos, então!
Nos jamais tivemos o privilégio de tocar suas mãos e, sequer, seu perfume sentir, a não ser em nossos doces sonhos, ricos das mais puras e belas fantasias, frutos dos nossos desejos e das nossas próprias imaginações. Mas, sua figura impar, de beleza encantadora, sempre esteve muito próximo de nós, povoando nossas mentes e lapidando, com a dureza do seu diamante, os nossos corações.
Na medida em que crescíamos diante das telas dos cinemas lá do interior, nosso velho amor, pelo fogo da alquimia da paixão, se transmutou. E, ao longo do tempo, em profundo respeito se tornou.
Nascia uma cumplicidade silenciosa, na distância que os meios de comunicação estreitou. Pois, ela, também, se modificou. Parece mesmo que até um pouco da arte da interpretação se desencantou, já que pelas causas sociais, intensamente, se apaixonou. E, nos fez abismar, uma vez que ela, também, se fez amar pelos esquecidos, sofridos e desiguais, levantando a tênue bandeira das causas justas que tão bem soube conclamar.
É verdade que muitos não souberam ela amar, já que com muitos precisou, várias vezes, se casar. Mas, agora, nas noites de intenso luar, vamos sempre buscar ela identificar entre as estrelas que voltaram ao céu para brilhar, já que diamantes são eternos aqui e lá!
Hoje, entre lágrimas, sabemos que não podemos mais te pedir, querida Liz, para aqui embaixo ficar e nosso mundo particular iluminar. Porém, ainda que profundamente entristecidos, vamos te agraciar com um sorriso e, num gesto de gratidão, vamos reconhecer que tu, soberana rainha, foste, entre os mortais, a estrela gloriosa que vai para sempre - queiram ou não os poderosos concordar - a história deste triste mundo ilustrar.
Tchau...até, ou mesmo adeus...! Querida Liz, creia, jamais vamos deixar de te amar e admirar!
José Paulo Ferrari – 23 de março de 2011 - inicio de verão.