Só mais uma vez...
O que eu diria se você estivesse aqui? Eu tenho tantas palavras bonitas pra te dizer, mas calei a maioria delas. Mesmo tendo aprendido ainda pequena nas aulas de ciências que o ser vivo “nasce, cresce, reproduz e morre”, eu nunca imaginei que o “morrer” viesse tão cedo.
Planejei terminar a faculdade, ser bem sucedida, casar e ter filhos e em todas essas conquistas você estaria lá. Hoje, ainda não formei, não sou bem sucedida, tampouco casei ou tive filhos e você já não verá nada disso acontecer, nem estará aqui me dando impulso para atingir cada um desses meus planos. Mesmo assim vou chegar lá... mas e você, mãe? Vai estar lá?
Dói saber que não vai... mas em todos eles eu vou lembrar de você e ter o ardente desejo de te abraçar com amor e alegria e compartilhar contigo, pois sei que ficarias feliz.
Vai me doer, eu sei, mas em tudo isso tu terás tua devida honra. Porque se estou hoje aqui é mérito teu. Não por haver me concebido. Mas por não haver me abandonado.
NUNCA esquecerei o cuidado, exagerado, que tinhas comigo. Como sou grata, mãe. Por tanto amor incondicional, por tanta dedicação, por cada oração e lágrimas que derramastes por mim. Mesmo sem merecer, mesmo sendo injusta e ingrata em muitas das vezes. Quanta bondade tu tinhas, quanto caráter, quanto ânimo e abdicação... tudo em meu favor. Não há como lembrar dos 25 anos ao teu lado, sem me emocionar, sem sentir orgulho e ao mesmo tempo tristeza, muita tristeza por não ter você comigo. Por não ter gastado todos esses anos que tive disponível em dizer-te as palavras que estão aqui, sendo pronunciadas em vão... porque infelizmente agora, já não podes mais ouvi-las.
... você fez eu me sentir a pessoa mais extraordinária do mundo e meu sonho era poder ter feito a senhora sentir o mesmo!
Queria todos os dias poder te abraçar e dizer: obrigada por tudo, minha mamãe. Eu te amo!
Queria ao menos só mais uma vez, pra não restarem mais dúvidas...
Nunca sairás da minha memória!
22.03.1966 - 18.03.2010