Senhor Sabedoria
Senhor Sabedoria.
Ao Sr. Chiquinho Alfaiate.
Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas idéias e a nobreza dos seus ideais. (Charles Chaplin)
Neste meu rápido retorno a Minas especialmente a cidade de Itabira onde nasci e vivi parte de minha vida, tive a grata oportunidade de conhecer e conviver por algumas horas, com um homem de pequena estatura, claudicante, mas cheio de energia e profunda gentileza, que faz lembrar o cantado poeta Gentileza que perambulava pelas ruas do Rio de Janeiro. Um momento de raro prazer, estar ao lado de uma pessoa com 96 anos numa perfeita lucidez, que às vezes me surpreendia com a riqueza de detalhes, que mesmo os mais jovens não poderiam alimentar um assunto.
Um homem simples, da extinta e ou quase profissão de alfaiate, da qual leva o cognome Chiquinho Alfaiate. Ele faz de seu estabelecimento um ponto de encontro (a confraria) para troca de sentimentos e idéias sobre a vida do cotidiano, a cidade com suas mudanças e degradações e do mundo atual com todas suas evoluções. Alimentado por jornais de todas as tendências, belamente e sabiamente sabe retirar o trigo e descartar o joio. Assim Seu Chiquinho vem fazendo da vida uma eterna universidade aos que dele se aproximam.
Ele já fora citado em crônica do escritor Claudionor Pinheiro do Recanto das Letras e foi este mesmo Claudionor juntamente com o poeta Marconi Ferreira responsável pelo projeto Janela da Poesia naquela cidade e também aqui do Recanto, que me proporcionaram este belo e proveitoso encontro com o senhor Chiquinho que carinhosamente cognominamos de Sr. Google de nossas estórias e historias Itabiranas.
Incrível a visão que ele tem das tradições e costumes com suas criticas ferrenhas às autoridades e juventude estagnada no tudo pronto, no nada criar. Recorda seu tempo de futebol no time profissional da cidade e lamenta a perda da atividade do mesmo num processo de desmanche, que lhe vem águas nos olhos. Como fez em recente reportagem televisiva de uma emissora da capital mineira com imagens no estádio da cidade. Numa espécie de retorno ao seu sagrado altar de outrora.
Quão grande é este pequeno homem, que recebe em sua casa, jornalistas, escrevinhadores e estudantes, amigos para uma boa e prazerosa prosa nos moldes dos bons tempos de umas Minas Gerais já esquecidas. Contemporâneo do Carlos Drummond de Andrade e de outras personalidades da vida daquela cidade, fala de suas poesias e de sua vida e familiares. Relata momentos históricos da política local historiando os feitos e desfeitos da administração. Sendo um grande incentivador dos jovens jornalistas comprometidos com uma boa administração da cidade.
Abençoado por este homem sabedoria, sai daquela visita emocionado e enriquecido, como que saindo de uma universidade com o curso de pós graduação concluída. Quisera ter tido mais tempo naquela aula de patriotismo, naquele banho de gentileza, naquela varredura da historia, que ele o faz como quem canta uma canção de conhecimento popular.
Obrigado Seu Chiquinho, que cada dia possa se revestir de seus nossos sonhos realizados, que façam da sua nossa cidade uma real cidade do bem viver, sem as falsas maquiagens que tentam impor. Que a cultura, a educação sejam aliadas na preparação e formação de homens uteis e conscientes de suas responsabilidades sociais.
Em nome de uma cidade dedico esta homenagem à sua bela figura parabenizando pelos 96 anos neste mês de Março, e como bem disse você, “convido a todos para o próximo ano vir me abraçar”.
Pode ter certeza, que este dia virá.
Toninhobira
12/03/2011.