VERSOS ÍNFIMOS- A AUGUSTO DOS ANJOS (PARÓDIA)

VERSOS INTÍMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a ingratidão-esta pantera,

Foi tua companheira inseparável.

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo! Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja esta mão vil que te afaga,

Escarra nesta boca que te beija!

VERSOS ÍNFIMOS

Vais! Alguém assiste ao admirável

Renascer mesmo em meio à procela.

Somente o amor, excelsa fera,

É tua clava, alva, inexorável.

Silencia-te! A alma, de ti, a vela...

Germinal etéreo, fonte inesgotável,

Divina cor insaciada, indomável,

De tua vontade, querer, à espera

Acenda a luz! Ascenda o doce dardo

Do amor doado, do lado lodo, o escarro.

A vida, amigo! É o mar que em nós veleja

Se ninguém assiste a dor que te deflagra,

Afague mãos que te apedrejam a cara

Dês mel a esta boca que te beija

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 11/03/2011
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