A Solidão e Sua Porta, de Carlos Pena Filho
A Solidão e Sua Porta
CARLOS PENA FILHO
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
Impossível não deixar de homenagear o poeta pernambucano Carlos Pena Filho, pouco conhecido, em razão de sua morte prematura aos 30 anos de idade,em desastre de carro. Impressionou-me o fabuloso final deste poema.