CARO AMIGO GAÚCHO
Escrevo para tentar arrancar do peito, a tristeza que atravessa o coração e sai vertendo pelos olhos... Foi como a descoberta do Pequeno Principe de Exupery... Quando deparou- se com o imenso jardim cheio de rosas... Constatou que sua rosa não era a única... Havia milhares delas. Senti me assim ao ler, reler, grifar... A revista que o Sr Chiuchetta nos enviou de número 96, outubro de 1989, revista Tradição,relatando em inúmeras paginas o 4º Congresso Gaúcho ocorrido no CTG Rincao Verde - Maringá- Pr. Gaúchos estavam lá, outros tradicionalistas também... Contava eu então com meus vinte poucos anos, era o início da paixão pelas danças de salão... E eu, descendente de gaúchos, catarinas e italianos nem sabia o que era tradição, hoje, ignorante, sei menos ainda... Muitos bailes, o primeiro vestido de prenda, a paixão pelo peão ao ve-lo com a primeira bombacha branca... O casamento nos galpões do Rio Grande... O convite para a diretoria social do CTG... Quanto orgulho meu Deus... No mesmo lugar, descobri a pouco, no mesmo lugar que serviu de palco para mais um congresso gaúcho, momento não vivido por mim, mas por um levante de amantes da tradição. Após ler cada página da revista , caro amigo, é que chorei... Saudosista de um tempo que não perticipei... E agora chorando ainda te pergunto: onde estão os estandartes daquele e de tantos outros movimentos que aconteceram e que prometiam encontros futuros, sonhos que seriam realizados... Agora que sei que tanto aconteceu e que nada existe mais... O que faço agora? Aquele exército cansou... Foi rolando pelas trincheiras cada qual com sua magoa, sua decepção, sua dor... Sinto-me Anita sem o Rio Grande, Garibaldi sem Anita... Se tantos poderosos estandartes que estavam reunidos em nome da tradiçao simplesmente tombaram... O que faço agora? Onde se encontram os baluartes gaúchos de raça valente que fincaram barreiras para defender a bandeira? Onde estão vocês gaúchos e tradicionalistas de outrora? Que faço eu agora? O sonho foi realizado e todos acordaram? Me responda voce patrão Frares, se você estava lá... Porque eu, após sorver página por página do diário que estava empilhado... Já não tenho forças para idealizar. É como se eu tivesse descoberto que o que eu estou almejando, já fizeram... E que eu estava inutilmente sonhando...O que eu imaginava no futuro ocorrer, já foi vivido, a geraçao futura não vai entender... Pois aqueles bravos deixaram a tradição ficar empoeirada nas revistas, nos jornais, no balcão. E eu caro amigo, me vejo sozinha, carregando o fardo que antes nem peso fazia... Que inocente eu era...era feliz dançando com o cantor Arlindo gaúcho do palco para o salão! Agora sei porque o Sr Chiuchetta e Fregadolli utilizam as letras... Utilizam as letras para desabafar, para não morrerem sufocados de tanta vontade de falar... Utilizam o alfabeto para contar o que viveram para bem poucos, pois bem poucos sobreviveram e estiveram nas fotos que eu vi. Registrado pelas lentes de meus olhos marejados. Dos poucos que sobraram dos tempos áureos, cada qual luta de sua maneira, não deixando a tradição morrer... Alguns lutam calados, são sobreviventes do 4º Encontro Gaúcho... Que foi feito do 5° encontro? dos próximos que não vivi? Atualmente observando bem, podemos identifica-los, os que colheram a felicidade do Rio Grande, mateando, jogando baralho, rindo no boliche, ensinando dança da chula e de apresentação...preparando o costelão, o arroz carreteiro... Agora consigo ve-los com outros olhos, são os que sobreviveram... Preferem ficar em roda, pequenos grupos de amigos que celebram a graça da amizade... Ficam trocando olhares de cumplicidade, como a dizer: eu sei, eu vivi, eu estive lá... E eles não precisam trocar palavras, são cumplices da mesma saudade... Somente as revistas empoeiradas me contaram o que eles viveram...pois já não usam as palavras para falar. Se esse número tao pequeno de soldados remanescentes foi tão feliz... Me respondam por favor, onde foi que trancaram tanta felicidade... Provavelmente junto com as pilchas esfarrapadas... Por causa disso, hoje mal reconheço você gaúcho... Muitas vezes é preciso provar com a identidade... E ainda o poeta ousou dizer... "Minha sociedade é o meu CTG..." Tomara que ele não esteja aqui para ver que bem poucos sobreviveram ao holocausto... e usam a bombacha para provar o orgulho de ser peão. Onde você anda guri? Virou pai, avo, e daí? O CTG precisa de ti... Se é ruim pra você que cansou de persistir... Pior pra mim... Que nem tanta alegria vivi... Se você voltar... Faremos outra festa. Uma aqui outra ali. Acendemos o fogo de chão, passamos o vestido de prenda, a bombacha e cevamos o doce amargo do chimarrão. A gaita e o violão vão a todos acordar e mostrar que é só olhar e ver que "EU SOU DO SUL."
obrigada por existir.
Escrevo para tentar arrancar do peito, a tristeza que atravessa o coração e sai vertendo pelos olhos... Foi como a descoberta do Pequeno Principe de Exupery... Quando deparou- se com o imenso jardim cheio de rosas... Constatou que sua rosa não era a única... Havia milhares delas. Senti me assim ao ler, reler, grifar... A revista que o Sr Chiuchetta nos enviou de número 96, outubro de 1989, revista Tradição,relatando em inúmeras paginas o 4º Congresso Gaúcho ocorrido no CTG Rincao Verde - Maringá- Pr. Gaúchos estavam lá, outros tradicionalistas também... Contava eu então com meus vinte poucos anos, era o início da paixão pelas danças de salão... E eu, descendente de gaúchos, catarinas e italianos nem sabia o que era tradição, hoje, ignorante, sei menos ainda... Muitos bailes, o primeiro vestido de prenda, a paixão pelo peão ao ve-lo com a primeira bombacha branca... O casamento nos galpões do Rio Grande... O convite para a diretoria social do CTG... Quanto orgulho meu Deus... No mesmo lugar, descobri a pouco, no mesmo lugar que serviu de palco para mais um congresso gaúcho, momento não vivido por mim, mas por um levante de amantes da tradição. Após ler cada página da revista , caro amigo, é que chorei... Saudosista de um tempo que não perticipei... E agora chorando ainda te pergunto: onde estão os estandartes daquele e de tantos outros movimentos que aconteceram e que prometiam encontros futuros, sonhos que seriam realizados... Agora que sei que tanto aconteceu e que nada existe mais... O que faço agora? Aquele exército cansou... Foi rolando pelas trincheiras cada qual com sua magoa, sua decepção, sua dor... Sinto-me Anita sem o Rio Grande, Garibaldi sem Anita... Se tantos poderosos estandartes que estavam reunidos em nome da tradiçao simplesmente tombaram... O que faço agora? Onde se encontram os baluartes gaúchos de raça valente que fincaram barreiras para defender a bandeira? Onde estão vocês gaúchos e tradicionalistas de outrora? Que faço eu agora? O sonho foi realizado e todos acordaram? Me responda voce patrão Frares, se você estava lá... Porque eu, após sorver página por página do diário que estava empilhado... Já não tenho forças para idealizar. É como se eu tivesse descoberto que o que eu estou almejando, já fizeram... E que eu estava inutilmente sonhando...O que eu imaginava no futuro ocorrer, já foi vivido, a geraçao futura não vai entender... Pois aqueles bravos deixaram a tradição ficar empoeirada nas revistas, nos jornais, no balcão. E eu caro amigo, me vejo sozinha, carregando o fardo que antes nem peso fazia... Que inocente eu era...era feliz dançando com o cantor Arlindo gaúcho do palco para o salão! Agora sei porque o Sr Chiuchetta e Fregadolli utilizam as letras... Utilizam as letras para desabafar, para não morrerem sufocados de tanta vontade de falar... Utilizam o alfabeto para contar o que viveram para bem poucos, pois bem poucos sobreviveram e estiveram nas fotos que eu vi. Registrado pelas lentes de meus olhos marejados. Dos poucos que sobraram dos tempos áureos, cada qual luta de sua maneira, não deixando a tradição morrer... Alguns lutam calados, são sobreviventes do 4º Encontro Gaúcho... Que foi feito do 5° encontro? dos próximos que não vivi? Atualmente observando bem, podemos identifica-los, os que colheram a felicidade do Rio Grande, mateando, jogando baralho, rindo no boliche, ensinando dança da chula e de apresentação...preparando o costelão, o arroz carreteiro... Agora consigo ve-los com outros olhos, são os que sobreviveram... Preferem ficar em roda, pequenos grupos de amigos que celebram a graça da amizade... Ficam trocando olhares de cumplicidade, como a dizer: eu sei, eu vivi, eu estive lá... E eles não precisam trocar palavras, são cumplices da mesma saudade... Somente as revistas empoeiradas me contaram o que eles viveram...pois já não usam as palavras para falar. Se esse número tao pequeno de soldados remanescentes foi tão feliz... Me respondam por favor, onde foi que trancaram tanta felicidade... Provavelmente junto com as pilchas esfarrapadas... Por causa disso, hoje mal reconheço você gaúcho... Muitas vezes é preciso provar com a identidade... E ainda o poeta ousou dizer... "Minha sociedade é o meu CTG..." Tomara que ele não esteja aqui para ver que bem poucos sobreviveram ao holocausto... e usam a bombacha para provar o orgulho de ser peão. Onde você anda guri? Virou pai, avo, e daí? O CTG precisa de ti... Se é ruim pra você que cansou de persistir... Pior pra mim... Que nem tanta alegria vivi... Se você voltar... Faremos outra festa. Uma aqui outra ali. Acendemos o fogo de chão, passamos o vestido de prenda, a bombacha e cevamos o doce amargo do chimarrão. A gaita e o violão vão a todos acordar e mostrar que é só olhar e ver que "EU SOU DO SUL."
obrigada por existir.