Gauchesca

Gauchesca

Antonio Augusto Coronel Cruz

Canto agora nestes versos

com meu grito entusiasmado

a lida e o povo gaúcho

neste rincão abençoado

Quero falar do chimarrão

do churrasco e do gaiteiro

da linda prenda cheirosa

e do ginete faceiro

Das tropas cruzando as coxilhas

na toada mansa do tropeiro

nos tombos nas domas renhidas

e do galpão hospitaleiro

Canto o minuano cortante

o poncho amigo e o laço

a disparada da ema

e a boleadeira cortando o espaço

Exalto a história dessa gente

valente, simples e altiva

que tem a liberdade como semente

brotando da terra nativa

Sendo farrapo, chimango, maragato

ou peleador no Paraguai

são os rebentos deste Rio Grande

os filhos honrando o pai

Canto um tempo iluminado

pelas faíscas das adagas

pela prata dos arreios

e pelos olhares das amadas

Um tempo de muitas distâncias

vencidas num lombo tobiano

das frescas sangas de pedras

e das noites no chão pampeano

Vendo a tapera silenciosa

sinto um aperto no peito

lembrando o fio do bigode

e outras tradições de respeito

E me vem uma nostalgia infinita

dessa vida gaudéria e passada

uma amarga solidão sem consolo

como a perda da mulher amada

Mas sigo alimentando o braseiro

e ao patrão do céu peço, sincero,

que proteja este mundo campeiro

e o grito do quero-quero

Pri SS
Enviado por Pri SS em 18/02/2011
Código do texto: T2800106
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