AS MARIAS
Terra de muitas belezas, este é o meu Ceará. A terra do Sol e Mar.
As Marias nasceram, na Rua Samuel Uchôa, na cidade de Fortaleza. Eram 06 e agora são 05. Uma pintura de formosura. Moças prendadas e casamenteiras, mas encrenqueiras. Uma nasceu em fevereiro, carnaval. Duas em Junho. Festa Junina. Duas no mês de maio. Noivas e uma em agosto. Mês do desgosto.
Começo falando da mais nova. Do mês de fevereiro. Mês, que às vezes é bissexto. Mês privilegiado por orgia. Mês da folia.
Morena alta, brejeira e faceira. A Rainha do mormaço. Desdém que nem o aço. Mais na hora de molhar o gargalho, começa e só termina em março. Mais que fim, hoje é só pedaço.
O danado do tempo, malvado como ele só, a deixou vivendo sozinha, na periferia, com uma pensão chifrinha, que não dá nem para molhar o beiço da periquitinha.
Agora vêm as Marias do mês de Maio – Valha-me Deus, que agonia. O mês das noivas, da correria, para ser casar um dia, não é que virgem, as Marias. Nenhuma das duas deu o gosto da igreja, nem por obra de milagre. Mais também não entraram na patifaria. O mês que é muito abençoado, é também a consagrada a Maria, a Mãe de Deus, o mês da alegria.
A primeira delas por ironia do destino teve a sua vida, uma agonia. Um diacho de um malandro safado, preto, , sem dente e muito suado. Do estrupício veio o desastre. Na loucura deste rapaz a feriu e ninguém mais. Graças a Deus, ele foi embora, para sempre e credo, que não volte jamais.
A segunda Maria do mês de maio, resolveu, se aventurar em Brasília. Sempre se achou a tal, mais não é que voltou depois de sete anos, dizendo que é linda demais. Cuidado, neste papel inverso, um quati, ganha dela e de outros animais.
Vamos agora falar das Maria do Mês de Junho - onde festejam as festas Juninas, de quebra a comida típica, da pamonha a canjica de milho. Mês de três santos, um casamenteiro, outro dos animais e por fim o dono do chaveiro.
Sempre tem uma que é a mais velha, a honesta e a que presta. A verdadeira cidadã. Ficou com tudo. Beleza, bondade e uma pintura com sinal de bondade. Sua vida foi com os padres, catequista da irmandade. Deixou muita saudade, na sua partida das Marias. Partiu aos 45 anos, e para dizer a verdade, como nasceu, na brisa da virgindade, dos santos anjos, da piedade. Por Deus, que sacanagem.
Vamos falar agora de outra que assumiu ser a mais velha, e também do trabalho que dá. De tanto querer badalar, foi virar avó no seu Ceará, de um molequinho, cabra da peste. Teve três filhos, sem namorar. Veja que peste, a criatura. A desmantelada, se veste, com loucura, por ironia da sorte, dá até a rapadurinha. O destino foi malvado, mais uma vez, a fez voltar, para o Ceará. Por Deus será que ela ainda vai embora dessa quentura do lugar.
Todas são cheinhas.. Cada uma a sua maneira, de baleia a jamantinha. Não sabemos por que, deste mistério! O que importa mesmo é que as Marias são umas cabras da peste de gordinhas.
TARTAY/Fevereiro-2011.