São Paulo, meu amor!

São Paulo, meu amor!

Cidade onde nasci,

cresci , brinquei .

Vivia na rua ,

mais parecendo moleque:

short, camiseta, pés no chão,

esconde - esconde, balança -caixão.

Pular corda , amarelinha, queimada,

balanço - um pneu com uma corda

amarrada em um pé de eucalipto.

Brincava tanto que perdia até a cor...

Não sei como minha mãe não me deixava

de molho na cândida...

Brincava em meio aos meninos

e quando aparecia outro de fora,

éramos, por eles, defendidas

com unhas e dentes,

socos e pontapés...

Eita época boa... Que não volta mais!

Estudei ... Não muito,

porque não gostava e fugi...

Amei, amo, minha cidade!

Aqui tem de tudo,

pessoas dos quatro

cantos do mundo...

Muitas coisas boas , ruins também,

mas onde não as tem?

Museu do Ipiranga,

nosso passeio de domingo

- e lá íamos nós, escorregar

nos morrinhos com grama.

Fazíamos até trenzinho,

para poder escorregar melhor,

e no final, acabávamos engavetados:

um em cima do outro.

Ao Parque do Ibirapuera,

íamos raramente.

Na Catedral da Sé,

entrei algumas vezes

e na Estação da Luz,

que era local perigoso,

pouco frequentado,

só quando precisávamos viajar

e não tinha outro jeito.

Teatro Municipal, lindo,

nunca tive a oportunidade de

conhecer por dentro,

somente de passagem.

Cresci, primeiro namorado...

Que Museu do Ipiranga que nada!

Agora, era Cine Maracanã,

seção de domingo à tarde,

mãozinha dada.

Beijinhos tímidos,

sussurros no ouvido;

até hoje somos amigos...

A mãe dele me liga toda semana:

somos amigas há quarenta e sete anos;

amizade eterna de alguém que queria

que eu fosse mulher do seu filho ...

Mas, nada é como queremos

e sim como Deus quer.

E a vida vai passando ...

São Paulo, meu amor!

Aqui nasci, cresci e hei de morrer

- junto a você, São Paulo.